Luis Soares
Colunista
Política 31/Ago/2011 às 00:09 COMENTÁRIOS
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Análise: Principais religiões do mundo incentivam o acúmulo de riquezas

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 31 Ago, 2011 às 00h09
Rachel McCleary – pesquisadora de religião e economia da Universidade de Harvard.
Religiões baseadas na crença no inferno são mais eficientes para o comportamento econômico pois motivam os fiéis através do medo
Religiões monoteístas usam experiência coletiva como
forma de pressionar seus fiéis para a doação

A religião é uma instituição financeira tanto quanto espiritual. Sem doações dos fiéis, as religiões como organizações sociais não sobreviveriam

Não é surpreendente que as maiores religiões do mundo – Judaísmo,
Cristianismo, Islamismo, Budismo e Hinduísmo – promovam a acumulação de
riquezas através de seus sistemas de crenças, o que contribui para a
prosperidade econômica.


Incentivos espirituais como a danação e a salvação são motivadores
eficientes. Por isso, religiões que dão ênfase à crença no inferno são
mais propensas a contribuírem para a prosperidade econômica do que as
que enfatizam a crença no paraíso.
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As religiões que têm foco na crença no paraíso dão mais importância a
atividades redistributivas
(caridade) para diminuir o tempo das pessoas
no inferno e chegar mais perto do paraíso.

Já o incentivo que se baseia na crença no inferno parece mais eficiente
para o comportamento econômico, porque motiva os fiéis a trabalhar mais
duro para evitar a danação.

A estrutura organizacional, assim como o sistema de crenças de uma
religião, afeta diretamente sua habilidade de arrecadar fundos dos
fiéis.

A riqueza das religiões, de maneira muito semelhante à riqueza das
nações, depende da estrutura de sua organização. Mas, diferentemente das
corporações, as finanças das religiões não são transparentes para o
público nem são monitoradas.

Algumas estruturas religiosas são hierárquicas como a da Igreja Católica
Romana, com a concentração de riqueza no clero e no Papado. Por
contraste, as igrejas evangélicas e pentecostais favorecem um acúmulo de
riqueza de pai para filho.

O famoso evangelista americano Billy Graham e seu filho William Franklin
Graham 3º, que assumiu a presidência da associação evangelista do pai,
são um exemplo de como o poder espiritual e a riqueza de uma religião
são mantidos pelos laços familiares.

Outras organizações tendem a ser descentralizadas e comunitárias por
natureza, como o judaísmo, com as sinagogas locais mantendo a autonomia
sobre as finanças.

Mas as religiões coletivas, como as monoteístas, requerem a crença
exclusiva em um só Deus e contam financeiramente com tributos e doações
voluntárias de seus membros.

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Como consequência, um templo, igreja ou mesquita exerce pressão coletiva
e outros tipos de sanções grupais para garantir a ajuda financeira
contínua dos fiéis à religião.

No entanto, uma dificuldade constante enfrentada pelas religiões é que
muitos membros decidem agir de acordo com sua própria vontade e não dar
apoio financeiro.

Outro tipo de estrutura religiosa é a privada ou difusa. Hinduísmo e
budismo são religiões privadas, em que os fiéis realizam atos religiosos
sozinhos e pagam uma taxa para um monge pelo serviço.

Nestes casos, as atividades religiosas são partes da vida diária e podem
ser feitas a qualquer momento do dia. Elas não requerem nem um grupo de
fiéis nem a presença dos monges.

Estas religiões privadas tendem a ser politeístas e sustentadas financeiramente pelo pagamento de uma taxa de serviço.

Religiões com muitos recursos, como por exemplo o catolicismo romano e o
islamismo, historicamente foram – algumas vezes – monopólios
financiados pelo Estado.

A regulação da religião pelo Estado pode reduzir a qualidade das
vantagens espirituais na medida em que aumenta a capacidade da religião
de acumular riqueza. Mas uma religião subsidiada pelo Estado pode ter um
efeito positivo na participação religiosa.

Por exemplo, os governos da Dinamarca, Suécia, Alemanha e Áustria
subsidiam muitas religiões para a manutenção de suas propriedades, a
educação do clero e os serviços sociais.

Mesmo que isso não necessariamente aumente o número de pessoas que
frequentam a igreja, o investimento financeiro do Estado nas
instituições religiosas aumentou as oportunidades das pessoas de
participarem de atividades patrocinadas pela religião.

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BBC

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