Gravação revela voz de Mário de Andrade pela primeira vez
Voz de Mário de Andrade é revelada pela primeira vez. Gravações do poeta datadas de 1940 foram encontradas por pesquisadores de universidades brasileiras e americanas
Gravações encontradas por pesquisadores de universidades brasileiras e americanas mostram pela primeira vez a voz do poeta modernista Mário de Andrade.
Disponíveis no site do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, os áudios reproduzem o autor de “Macunaíma” cantando cantigas populares brasileiras (faça o download dos áudios aqui – seção ‘documentos’).
Os registros foram feitos em 1940 pelo linguista americano Lorenzo Turner. Além de Mário, a escritora Rachel de Queiroz e Mary Pedrosa (mulher de Mário Pedrosa) entoam músicas de roda e outras melodias tradicionais do país.
As gravações foram divididas em “lado A” e “lado B” – no primeiro, a cantoria. No segundo, os três falam ao linguista sobre as músicas que haviam acabado de cantar. É possível, também, ouvir as vozes do escritor Pedro Nava e do crítico Mário Pedrosa.
“Mário, o que você gravou?”, pergunta o entrevistador.
“Eu gravei uma canção de mendigo colhida por mim mesmo na zona do Catolé do Rocha, no sertão da Paraíba. Os mendigos do Brasil costumam sempre pedir esmolas cantando, principalmente pelo interior. Foi uma dessas questões que cantei”, responde o poeta, no áudio. Mais adiante, ele diz: “Além da canção de mendigo, como última peça do disco, eu cantei ainda o famoso toca-zumba, que é um canto de negros brasileiros do tempo da abolição. Esse canto generalizou-se por todo o Brasil e, aliás, já está publicado no livro de Friedenthal”.
A descoberta é resultado de um trabalho de pesquisadores da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, onde estava o arquivo fonográfico.
A voz de Mário de Andrade surge em um ano de celebração do escritor – ele será o autor homenageado pela Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) em 2015, quando completam-se 70 anos de sua morte. Além disso, sua trajetória foi recuperada em nova biografia, em um volume que também traz um romance inédito e suas cartas.
O Povo