Redação Pragmatismo
Política 11/Set/2024 às 17:21 COMENTÁRIOS
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Crise que uniu PT e bolsonarista na PB alerta para o PCC na eleição de SP

Publicado em 11 Set, 2024 às 17h21

Com Cícero Lucena com chance de vencer no primeiro turno, há quem diga que a entrevista coletiva e o pedido por tropas federais de Luciano Cartaxo, Marcelo Queiroga e Ruy Carneiro é oportunismo. Contudo, as operações da Polícia Federal em João Pessoa mostram que, se o Brasil não abrir o olho, o crime vai ser o grande vencedor desta eleição

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Luciano Cartaxo (PT), Ruy Carneiro (Podemos) e Marcelo Queiroga (PL)

Leonardo Sakamoto

A denúncia de que o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), teria ligação com a facção criminosa Nova Okaida e que isso estaria criando barreiras para a campanha eleitoral de seus adversários na periferia da capital paraibana, levou a uma entrevista coletiva dos candidatos Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e de Ruy Carneiro (Podemos).

Pediram, na manhã desta quarta (11), tropas federais para garantir que o crime organizado não impeça a campanha. A crise que uniu um lulista e um bolsonarista serve de alerta a outras capitais, como São Paulo, em que a promiscuidade do PCC com partidos políticos ganhou a agenda eleitoral.

Queiroga, que foi ministro da Saúde de Jair Bolsonaro durante a pandemia de covid-19, ressalta que os três são adversários, mas estão vendo surgir um “Estado de narcocriminosos”, em registro de reportagem do sempre presente Carlos Madeiro, do Uol. Na mesma linha, Cartaxo disse que a entrevista não era uma aliança, mas que os cidadãos estão sendo proibidos de receber candidatos em suas casas pelo crime organizado.

Saiba mais: Deputado condenado a 20 anos de prisão ganha escolta da PF para fazer campanha em João Pessoa

Nesta terça (10), a Polícia Federal realizou uma operação para investigar o aliciamento de eleitores em João Pessoa na qual foram apreendidos contracheques de funcionários da prefeitura. Em maio, outra operação da PF mirou o crime organizado na administração municipal, atingindo Janine Lucena, filha de Cícero. Um integrante da Nova Okaida teria negociado cargos públicos em troca da autorização de entrada de agentes municipais em comunidades controladas pelo crime.

Não há registro que a facção que domina o crime em São Paulo esteja impedindo os candidatos de fazerem campanha. O que não significa que ela não esteja onipresente no noticiário eleitoral.

Pablo Marçal está cercado de correligionários acusados de negócios com o PCC. O presidente de seu partido, o PRTB, Leonardo Avalanche, foi gravado dizendo ter vínculos com o grupo criminoso e ter sido responsável por soltar André do Rap, um de seus líderes. Foi Avalanche que garantiu a candidatura para Marçal. Ao mesmo tempo, Tarcísio Escobar, ex-presidente estadual do PRTB, e seu sócio Júlio César Pereira, o Gordão, aliados de Avalanche e articuladores do partido, teriam trocado carros de luxos por cocaína para o PCC, segundo investigação da Polícia Civil.

Apontado como dono da empresa de ônibus Transwolff, que conta com concessões na zona sul da capital paulista, Luiz Carlos Pacheco, o Pandora, chegou a ser preso, em abril, na Operação Fim da Linha – que investiga um esquema de lavagem de dinheiro do PCC usando a viação. Ele é ligado ao presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite (União Brasil). Promotores do grupo de combate ao crime organizado afirmaram que Leite teve “papel juridicamente relevante na execução dos crimes sob apuração” envolvendo a Transwolff. Os seus sigilos fiscal e bancário foram quebrados com autorização da Justiça.

Matéria do portal Metrópolis aponta que depoimentos colhidos pela Polícia Civil reforçam “ingerência” do vereador Senival Moura (PT) sobre a Transunião, empresa que opera linhas de ônibus na zona leste da capital que está sendo investiga por elo com o PCC. Ele tem sido cabo eleitoral de Guilherme Boulos (PSOL) na campanha à Prefeitura de São Paulo.

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A entrada do crime organizado na política não é novidade e há tempos assombra pequenas cidades, como Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, e grande cidades, como o Rio de Janeiro. Lá, a milícia faz parte, há tempos, de diferentes níveis de governo.

Um exemplo é a deputada estadual Lucinha (PSD), condenada a quatro anos e cinco meses de prisão, além da perda do mandato, no mês passado, por desvio de dinheiro público. Ela também é investigada por integrar milícia. Teria, por exemplo, passado informações privilegiadas para evitar a prisão de criminosos. Outro é o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, preso após ser apontado como um dos idealizadores da execução da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes em 2018.

Com Cícero Lucena com chance de vencer no primeiro turno, há quem diga que a entrevista coletiva e o pedido por tropas federais de Luciano Cartaxo, Marcelo Queiroga e Ruy Carneiro é oportunismo. Contudo, as operações da Polícia Federal em João Pessoa mostram que, se o Brasil não abrir o olho, o crime vai ser o grande vencedor desta eleição.

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