Lula e o porvir
O fato de Lula ser o único presidente que o país teve em toda a sua história que a força de sua imagem, por si só, já inspira ações de governo mais incisivas na direção dos mais carentes, seja no âmbito interno como também no externo, é sobremaneira significativo.
Incontestável, também, é que o Brasil não será jamais o mesmo após a era Lula. Qualquer governante que vier depois dele, terá sempre o período de poder do ex-sindicalista como referência boa ou má. E uma indagação ecoará fundo em suas consciências, o tempo todo, não importando a ideologia que tenham:
Quem seria melhor do que Lula para fazer bem diferente, em prol dos carentes, do que ele próprio fez?
Mesmo que qualquer outro governo, de acentuado cunho direitista estivesse fazendo pelos mais pobres até mais do que a gestão petista vem realizando, ainda assim o PT e o próprio Lula diriam que todos aqueles benefícios eram simples “esmolas”; e quase ninguém duvidaria, uma vez que é irrefutável que Lula, devido à autenticidade da sua representatividade, seria o escolhido pelo povo para por término às desigualdades sociais através de decreto, se tal façanha fosse viável. Ou alguém acha que José Agripino Maia, Tasso Jereissati, Arthur Virgílio ou Cesar Maia seriam os mais indicados?
O certo é que toda a vida pregressa de Lula, tanto como pessoa comum tanto como político de projeção, o absolverá sempre de qualquer julgamento mais rigoroso. A verdade é que seus próprios algozes, os de sempre e os de hoje, reconhecem intimamente (mas não declaram) seus méritos para estar onde está; além de saberem que ele não é milagreiro e governa amarrado por forças conservadoras e reacionárias.
O resto… é mera luta pelo poder.
*Luis Soares é escritor, colunista e editor de Pragmatismo Político