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Por que a direita conclama a morte das ideologias?

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Quando se evita o debate ideológico, se evidencia o medo da realidade.

Não é fácil para a juventude de hoje pelo menos procurar uma ideologia. É como se os jovens tateassem no escuro ou caminhassem num lamaçal de dissimulações. E é neste mundo globalizado onde decretaram o fim das ideologias, que elas parecem indestrutíveis e autônomas, se recusando a partir, preferindo a subsistência no imaginário das pessoas, de forma precária e marginal.

Faço jus ao propósito deste espaço: não dá para exercer plenamente a cidadania sem a adoção de uma ideologia. O poeta Cazuza tinha razão: “Ideologia… eu quero uma pra viver!”

Os direitistas, estrategicamente, costumam proclamar a morte das ideologias, uma vez que um confronto verdadeiramente dialético não os favorece. É mais conveniente para eles alardear que com o término da Guerra Fria, entre EUA e URSS, acabaram-se também as convicções mais profundas dos indivíduos e dos povos no tocante à política partidária enquanto bússola, gestora primordial dos destinos da humanidade.

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Este argumento simplista, parcial, fragmentado e superficial, visa nivelar gregos e troianos, ou seja, todos esqueceriam suas mágoas passadas e se dariam as mãos em prol de um mundo melhor. É muito bonito e romântico, mas não é assim que as coisas funcionam. O certo é que as feridas sararam, no entanto deixaram cicatrizes que funcionam como força propulsora da tão badalada globalização. Sim, porque os conflitos continuam, contudo com roupagem nova.

As armas de destruição não são mais uma ameaça premente. A competência tecnológica e científica, assim como a capacidade de interagir com outros mercados, sem autocensura e/ou preconceito, compõem o potente arsenal com o qual as nações dão seu grito de sobrevivência. Desse modo, não há indícios de que termine tão cedo a animosidade entre direita e esquerda.

Isso posto, jamais será redundância afirmar que a esquerda e a direita não morreram com o fim da Guerra Fria emblematizada pela queda do Muro de Berlim, pois enquanto houver desigualdades sociais gritantes os dois paradigmas sobreviverão, mesmo que disfarçados em denominações, como: Social Democracia, Neoliberalismo, Socialismo Liberal, enfim, tantas quantas sejam possíveis formar visando conciliar a economia de comando com a economia de mercado.

Por fim, é importante destacar que as indagações ideológicas são completamente eivadas de realismo, verdade crua. Quem delas foge é porque ainda engatinha na leitura da sociabilidade e do verdadeiro humanismo. Quando se evita o debate ideológico, se evidencia o medo da realidade.

*Luis Soares é escritor, colunista e editor de Pragmatismo Político

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