Caça Fantasmas
O equívoco de Cláudio Humberto ao comparar Lula com Getúlio
Luis Soares, Pragmatismo Político
“Ainda bem que Lula não é Getúlio Vargas, como tenta sugerir. Teria que enfrentar Carlos Lacerda nos desaforos. Seria muita covardia” – Cláudio Humberto
Carlos Lacerda era o mais radical dos udenistas (a UDN foi a semente do que viria a se tornar a ARENA, o PDS, o PFL, o DEM e congêneres), perseguidor ferrenho de qualquer político mais chegado às causas populares. Naquele tempo, Getúlio era tido, de certa forma, como um esquerdista, embora nunca tenha assim se declarado. Lacerda, como jornalista e político, liderou a conspiração que terminou no suicídio de Vargas. É interessante mergulhar nessa história.
Depois, Lacerda continuou sua “missão” no combate a João Goulart, que acabou caindo. Ele (Lacerda) era um grande orador, temido por sua língua ferina.
O equívoco de Cláudio Humberto está no fato de não ser possível comparar Lula com Getúlio. Cada um deles representa um ponto marcante na história política do Brasil. O trabalhismo de Vargas era de cima para baixo, como seriam os de Goulart e Brizola. Já o trabalhismo de Lula é de baixo para cima. Essa é a diferença entre o PTB (o original, não esse de Roberto Jefferson) e o PT.
Certa vez, num dos seus inflamados discursos aos operários, Getúlio disse: “Um dia, vocês terão seu próprio representante!” Ele foi profético. Veio Lula e, embora ele cite Vargas com admiração, de forma nenhuma quer ser outro “paizão” dos pobres ou mesmo imitá-lo. No fundo, sabe que, no processo de evolução da consciência política do país, seu lugar é único e incomparável.
Carlos Lacerda, com todo o seu talento e eloquência, jamais teria argumentos para derrubar ou mesmo castigar Lula; muito pelo contrário. Saiba disso, Cláudio Humberto.