Para a direita mais retrógrada, os que lutaram contra a ditadura e os desmandos da elite histórica no Brasil, são condenáveis e merecedores de campanha caluniosa.
É o que hoje a indústria midiática está fazendo contra a candidata Dilma Rousseff, com todos os recursos da tecnologia alternativa – da internet, aflorando na mídia, às cartas escritas à mão, além das fofocas espalhadas pelo vento.
O famoso “boato”, arma utilizada fartamente durante a Inquisição ou o fascismo, é um veneno corrosivo que afeta os mal informados deseducando-os socialmente, deformando as consciências. Deveria ser considerado um crime contra a sociedade.
As calúnias criadas para transformar em monstro uma jovem militante que enfrentou corajosamente a opressão política e policial em defesa da liberdade no Brasil sob a ditadura, revelam o ódio neurótico dos que inspiraram os torturadores mais boçais na implantação do terror naqueles negros anos que mancharam a história brasileira. Babam sangue, destilam veneno, poluem o ambiente mental da população que agora se levanta consciente da sua cidadania.
É o “macartismo” tupiniquim animado durante a ditadura e que hoje ocupa destacados postos de “formadores de consciência” a partir das aulas recebidas no famigerado CCC. Na ausência de uma oposição política de centro-direita com capacidade para empanar o brilho da Presidência de Lula, admirada em todo o mundo, a mídia assumiu a função de liderança como se fosse um partido político em véspera de eleição. Denigre o passado de Dilma e despreza o de Lula, com o estafado modelo da velha elite que não suporta qualquer conteúdo democrático e sonha com um Brasil dependente e de cabeça baixa.
Alguns “âncoras” da Globo emitem a sua posição pessoal, agora atribuída à “opinião pública mundial”, para censurar a amizade de Lula por Cuba e o respeito que demonstra pelos direitos do Irã. Inventam cientistas políticos e conhecedores do mundo para fazerem coro com o estribilho dos bate-orelhas do imperialismo. De um momento para outro a boataria da mídia recriou o ambiente desenhado pela ditadura há mais de meio século. E, tudo isso, cercado de frases bombásticas sobre a liberdade de pensamento e de informação. O publico vai sendo enrolado por repetidas notícias sobre crimes de sangue ou de corrupção política que envolve os eleitos do DEMO que a burocracia do sistema judiciário consegue manter em um eterno banho-maria. O nível da mídia, de fato, tornou-se rasteiro e enfadonho, talvez querendo levar as consciências dos eleitores a apagarem as conquistas dos últimos 8 anos em compasso de inanição mental. Visivelmente houve uma orquestração estratégica dessa defasada inspiração “macartista” para servir de pano de fundo à campanha eleitoral impedindo que nela sejam discutidos a sério os conteúdos do novo Brasil independente.
Em causa estará a escolha de um governo que dê seguimento ao que foi criado pelo Governo Lula, ou que retorne às ações neoliberais baseadas na priorização absoluta do mercado e no desprezo pelo papel do Estado como fez FHC nos seus dois mandatos. Ninguém esqueceu que os neoliberais desconstruíram o Estado em suas áreas fundamentais, o que resultou na estagnação da economia e na paralisia ou retrocesso em projetos de inclusão social. Prosseguir a orientação do governo de Lula e Dilma que consideram haver ainda muito a fazer para poder liquidar totalmente a miséria no país dará caráter de plebiscito à próxima eleição.
Para que não haja discussões salutares sobre como aproveitar o prestígio alcançado pelo Brasil a nível internacional pelo grande exemplo que deu na superação da crise que atingiu todo o planeta e pela capacidade de estadista de Lula que se fez respeitar como interlocutor entre países discordantes, para que a população não continue a participar nos programas de desenvolvimento social que hoje entusiasmam profissionais e humanistas de todas as nações, a mídia brasileira baixou o nível dos temas de informação para que o povo pense que voltou a chafurdar na lama anterior quando a elite dominava impondo o seu programa de vida como o único possível em um país subdesenvolvido e dominado.
Dilma foi preparada por Lula na primeira fila do Governo brasileiro e sempre agüentou corajosamente e com competência a ferocidade da oposição, incluindo a da mídia. Não é Lula, claro, é mulher, do sul, com uma experiência própria na luta. Somos a favor da diversidade quando complementa uma boa escolha anterior. Assim cresce a força do povo brasileiro, derrotando os preconceitos e o ranço oligarca do subdesenvolvimento.
Zillah Branco, Portal Vermelho
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