O efeito Lula. Sim, ele transfere votos!
Um válido exemplo na Baixada Fluminense.
Não há mais como duvidar da capacidade do presidente Lula de multiplicar votos. Isso é efeito inegável dos elevados índices de aprovação do governo e de popularidade do presidente.
As pesquisas recentes mostram um crescimento muito veloz e consistente da ministra Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência. O eventual candidato tucano ainda vê a adversária pelo retrovisor, mas Dilma já está no vácuo de José Serra.
Nada é imutável na dinâmica do processo eleitoral. E se o desejo da oposição era de que o apoio da população a Lula não oxigenasse a candidatura de Dilma, deve, agora, torcer para que isso não continue e, se possível, se desfaça.
Eis, porém, o resultado de pesquisa realizada na Baixada Fluminense (RJ), até então mantido sob reserva, feita pelo Instituto Mapear entre os dias 23 e 29 de janeiro. Foram ouvidos 1,4 mil eleitores. A margem de erro é de 2,6%. Todo o trabalho foi orientado e coordenado pelo estatístico Sergio Ribeiro dos Santos.
O instituto definiu 11 municípios mais populosos da região. Eles reúnem cerca de 2,4 milhões de eleitores. Quase 25% do eleitorado total do estado do Rio.
Quando o eleitor escolhe em quem vai votar (Dilma, Serra, Ciro ou Marina), surge um empate numérico entre Dilma e Serra: 26,9% contra 26,3%.
Após isso, o eleitor respondeu à seguinte questão: “O presidente Lula resolveu apoiar uma candidata do seu partido, o PT, chamada Dilma, para concorrer como sua sucessora. O(a) Senhor(a) sabia disso?”
Dilma, candidata de Lula, é conhecida por 51% do eleitorado. Entretanto, 48,7% – quase a metade – não sabia.
Após isso, a pesquisa é feita colando o nome de Dilma ao de Lula. Ela salta para 42,4%, serra perde 5%, aproximadamente. Ela agrega indecisos, demovidos pelo vínculo com Lula.
Em Nova Iguaçu, cujo prefeito é Lindberg Farias, do PT, o porcentual de Dilma cresce cerca de 12 pontos quando o nome é associado a Lula. Curiosamente, em Duque de Caxias, governada pelo tucano Zito, é onde Dilma põe a maior frente sobre Serra.
Não há teoria social que explique como os votos se transferem do criador para a criatura. Só é possível invocar uma evidência óbvia: o mau administrador não faz o sucessor. Isso aconteceu em 2002, quando Serra era a criatura de FHC.
CartaCapital