Horas depois de ser indicado pela cúpula tucana para ser o vice na chapa presidencial de José Serra, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) já rateou. Prevendo resistências do DEM a seu nome, Dias declarou nesta sexta-feira (25), em Cuiabá (MT), que não aceitará o posto caso as turbulências permaneçam.
Segundo o tucano, caso os “demos” se mantenha irredutível quanto à indicação do seu nome, ele cederá para preservar a aliança. “Se o DEM tiver que sair, saio eu”, reforçou. “É normal que o DEM aspire à posição. É legítimo, mas sempre vai prevalecer a vontade da maioria. Até onde eu sei há um aval positivo dos nossos aliados. O DEM é um partido da base e imprescindível ao nosso projeto”.
Em meio à crise aberta com o DEM – que não aceita a chapa puro-sangue tucana –, o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), divulgou uma nota oficial extremamente sintética para explicar a escolha do partido. “O PSDB sugeriu hoje o nome do senador Alvaro Dias como candidato à vice presidente na chapa de José Serra. Alvaro é um senador de grande coerência e capacidade. Ele ajuda a dignificar o Parlamento brasileiro. Sua indicação está sendo apreciada por líderes e presidentes dos partidos coligados”, diz a nota.
O fator Paraná
Ainda na sexta, poucas horas depois da indicação de Alvaro Dias, o presidente do DEM, Rodrigo Maia, disse que o seu partido não aceitará nenhuma indicação do PSDB para a vaga de vice. Segundo Maia, a única opção que o DEM aceita no PSDB é o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves. Fora ele, o nome deve sair do DEM.
Maia aconselhou o PSDB a resolver o problema da aliança no Paraná, que seria contornado com a indicação de Dias para a vice de Serra, indicando o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), para disputar o Senado e dando a vaga de candidato ao governo do Paraná para Osmar Dias (PDT).
“Eles podem resolver o problema do Paraná entre eles. Não controlaram o Beto e agora querem usar a aliança nacional para resolver? O problema do Serra está no Sudeste e no Nordeste. Saíram duas pesquisas. Será que eles não entenderam isso?”, perguntou Maia. “Se eles querem abrir mão, que abram no Paraná com o braço deles, e não com o meu.”
A indicação de Dias para vice de Serra faria, em tese, com que Osmar Dias (PDT), seu irmão, desistisse da disputa ao governo e saísse ao Senado na chapa de Richa. Dessa forma, ficaria inviabilizado o palanque da petista Dilma Rousseff no Paraná, que hoje teria Osmar Dias como candidato ao governo.
Fim da coligação
Pelo Twitter, o vice-presidente democrata, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que defenderá o cancelamento da aliança entre PSDB e DEM. “Com um aliado desse, o Democratas não precisa de inimigo”, disse. Caiado classificou a escolha de Dias – “senador sem voto e odiado pelos professores” – como “golpe” e disse que o DEM soube da notícia apenas pelo Twitter. “Tudo que os adversários queriam era isso, essa atitude inconsequente de tirar a vice do Democratas.”
A cúpula do PSDB bem que tentou, ao longo do dia, minimizar a revolta do aliado DEM e com a forma pela qual a notícia veio à tona – via Twitter do presidente do PTB, Roberto Jefferson. Mas o dano causado foi muito além do que o comando da campanha poderia supor.
À noite, o entorno de Serra já discutia seriamente a possibilidade de rever a escolha. Em meio à chuva de declarações iradas dos “demos”, chamou a atenção o silêncio do deputado José Carlos Aleluia – justamente o nome do partido mais bem colocado na lista de possíveis vices de Serra. Já o presidente do PPS, Roberto Freire, ironizou: “Só o PSDB, com seu tino de marketing, para indicar vice em dia jogo do Brasil”.
Vermelho
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