Vice de Serra emprega funcionário fantasma na Câmara Federal
Como os traslados entre Brasília e Rio são feitos em voos comerciais, conforme o detalhamento das contas de Índio no site da Câmara, a presença de um secretário parlamentar, membro Associação Brasileira de Ultraleves, pode ser considerada – no mínimo – desnecessária.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Zachhau disse que faz voos com Indio, que é, a seu ver, “ótimo piloto”. Questionado sobre sua função como secretário parlamentar, limitou-se a informar o telefone da secretária do deputado “para mais informações”.
Ficha suja
Índio da Costa foi escolhido, para ser o vice na chapa de Serra no limite do prazo legal. Alguns fatores permearam sua indicação: o apadrinhamento do ex-prefeito do Rio, César Maia (DEM), ser jovem e ter a imagem associada ao projeto Ficha Limpa, do qual foi relator na Câmara.
Desde sua oficialização para compor a chapa, a boa imagem de Índio da Costa tem desmoronado. Ele e Cesar Maia são suspeitos de envolvimento no episódio de licitação viciada para fornecimento de merenda escolar na capital carioca em 2005.
Segundo apurou o relatório da CPI criada pela Câmara Municipal para investigar a concorrência, que agora é objeto de inquérito policial na Delegacia Fazendária, o edital da licitação tinha entre as regras atrair um número expressivo de participantes — mas duas empresas, Milano e Ermar, agiram em jogo combinado para vencer.
A Ermar apresentou recursos de impugnação contra todos os concorrentes, exceto contra a Milano, deixando caminho livre. Com isso, as regras do edital não foram atendidas, e Índio da Costa, então secretário municipal, tinha a obrigação de cancelar o processo e providenciar outra licitação. Mas fez o contrário: a Milano acabou vencendo a licitação e ficando com 99% do fornecimento de gêneros alimentícios para a merenda.
Índio ainda levantou mais suspeitas ao insistir na contratação centralizada de fornecimento de merenda escolar quando, desde 2001, um estudo da Controladoria Geral do Município (CGM) recomendava a descentralização do sistema. Os cofres públicos municipais sofreram uma sangria de R$ 11 milhões. Uma nova licitação estendeu a participação a nove empresas fornecedoras de gêneros alimentícios.
Agência Brasil