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Algumas lições do definhamento do PSDB

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Os jornais comentam que, acuado, o PSDB procura entrincheirar-se em São Paulo para conter a maré montante da candidatura Dilma. A medida seria uma reação desesperada às últimas pesquisas de intenção de voto, que apontam para um crescimento sustentado de Dilma acompanhado da queda de Serra para um patamar abaixo de 30%.

Enquanto Dilma cresce em todas as regiões e em todos os estratos sociais, alicerçada em palanques fortes em praticamente todos os estados, o candidato tucano vê sua base de apoio, constrangida, retirando até o nome de Serra nos materiais de propaganda e nas inserções da TV.

O professor Carlos Melo, doutor em Sociologia e Política, em artigo publicado na UOL, aborda essa questão e prevê uma situação dramática para o PSDB. Segundo ele, por uma soma de equívocos, o partido não soube se comportar como oposição — achava, por elitismo, que o governo Lula fracassaria por incapacidade do presidente. Deu com os burros n’água.

Um ponto interessante dessa abordagem é a constatação feita pelo professor de que a oposição nos tempos de FHC era consistente e apoiada nos movimentos sociais, enquanto os tucanos fazem um tipo singular de oposição que tem como base social as chamadas classes médias urbanas, avessas à militância política.

Diante da enorme popularidade do governo Lula, tucanos e anexos ficaram pendurados na brocha. Sem programa, sem discurso, sem base social ampla, foram empurrados para uma estratégia errática cujo símbolo maior é a candidatura Serra.

Fugindo de FHC como o diabo foge da cruz e sem saber se batia ou assoprava no governo Lula, a campanha de Serra chafurda na inconsistência, não consegue calibrar um discurso oposicionista convincente e cai no descrédito ao se apresentar como um pós-Lula que pode mais.

Um aprendizado importante para essa crise existencial do PSDB, para além da superação do seu programa neoliberal conservador, é que esse partido não tem bases organizadas entre os trabalhadores e o povo, sobrevivendo mais do oxigênio da mídia do que da voz rouca das ruas.

O amplo apoio do movimento sindical e dos movimentos sociais à candidatura Dilma é um fator importante para impulsionar a vitória da candidata lulista. A continuidade e o avanço das mudanças em curso no país dependerão de uma nova correlação de forças políticas que emergirá das urnas e da capacidade de mobilização popular.

Nivaldo Santana