Enquanto Dilma cresce em todas as regiões e em todos os estratos sociais, alicerçada em palanques fortes em praticamente todos os estados, o candidato tucano vê sua base de apoio, constrangida, retirando até o nome de Serra nos materiais de propaganda e nas inserções da TV.
O professor Carlos Melo, doutor em Sociologia e Política, em artigo publicado na UOL, aborda essa questão e prevê uma situação dramática para o PSDB. Segundo ele, por uma soma de equívocos, o partido não soube se comportar como oposição — achava, por elitismo, que o governo Lula fracassaria por incapacidade do presidente. Deu com os burros n’água.
Um ponto interessante dessa abordagem é a constatação feita pelo professor de que a oposição nos tempos de FHC era consistente e apoiada nos movimentos sociais, enquanto os tucanos fazem um tipo singular de oposição que tem como base social as chamadas classes médias urbanas, avessas à militância política.
Diante da enorme popularidade do governo Lula, tucanos e anexos ficaram pendurados na brocha. Sem programa, sem discurso, sem base social ampla, foram empurrados para uma estratégia errática cujo símbolo maior é a candidatura Serra.
Fugindo de FHC como o diabo foge da cruz e sem saber se batia ou assoprava no governo Lula, a campanha de Serra chafurda na inconsistência, não consegue calibrar um discurso oposicionista convincente e cai no descrédito ao se apresentar como um pós-Lula que pode mais.
Um aprendizado importante para essa crise existencial do PSDB, para além da superação do seu programa neoliberal conservador, é que esse partido não tem bases organizadas entre os trabalhadores e o povo, sobrevivendo mais do oxigênio da mídia do que da voz rouca das ruas.
O amplo apoio do movimento sindical e dos movimentos sociais à candidatura Dilma é um fator importante para impulsionar a vitória da candidata lulista. A continuidade e o avanço das mudanças em curso no país dependerão de uma nova correlação de forças políticas que emergirá das urnas e da capacidade de mobilização popular.