Entrevista do cientista político e diretor-geral do Centro de Pesquisas e Análises da Comunicação (Cepac) Rubens Figueiredo
Confira a entrevista do cientista político e diretor-geral do Centro de Pesquisas e Análises da Comunicação (Cepac) Rubens Figueiredo para O Estado de São Paulo:
Os debates como este de hoje ajudam a formar o voto?
Rubens Figueiredo:
O voto é formado por um conjunto de informações que chegam ao eleitor, o que inclui as aparições de TV, rádios, jornais, comícios e atividades típicas de campanha. O debate é somente mais um elemento de formação da opinião, interligado com os demais.
Mas um debate poderia, por exemplo, mudar os rumos de uma campanha?
Rubens Figueiredo:
Não acredito nisso. O público que assiste a um debate dificilmente chega a 10% do número de eleitores. Quase sempre vence o debate quem já está na frente das pesquisas. O eleitor que já declara o voto naquele candidato tende a achar que ele se saiu melhor no embate. Lembro-me de dois debates que mudaram a eleição, como aquele entre Kennedy e Nixon, nos EUA, em 1960, e entre Collor e Lula no Brasil, em 1989, mas são casos raríssimos. Em geral, nenhum candidato esmaga o outro neste tipo de disputa. Há um vencedor, mas sempre por pequeno porcentual, embora os candidatos sempre digam que foram os vitoriosos, naturalmente puxando a brasa para sua sardinha.
Qual a força real da TV?
Rubens Figueiredo:
A TV é fundamental em qualquer análise, porque está presente em 97% dos lares brasileiros e é o nosso grande veículo de massa. Basta ver o que houve depois do último programa partidário do PT, exibido na TV em junho. Depois da exibição, Dilma cresceu sete pontos e Serra caiu uns cinco. Não temos a que creditar a mudança nos porcentuais a não ser à exposição na TV, embora não tenha sido ainda o suficiente para fazer com que o grosso da população a conheça. Os níveis de conhecimento da candidata do governo são extremamente baixos. Ela não é uma personagem do mundo político como os demais, mas egressa do setor administrativo do Estado.