Apesar da crítica, Lula afirmou que o uso de sua imagem por adversáriosfaz “parte do processo político brasileiro”. O presidente disse aindaque não entrará na Justiça para impedir que adversários utilizem suaimagem. “Não vou entrar na Justiça. Quem tem que fazer isso é opartido”.
“Acho que, antes de ser candidato e antes de ser presidente, a gentetem relações políticas. Então, a pessoa pode até não falar bem, mas nãohá por que falar mal.[…] [Quando acabar a eleição] A gente vai seencontrar pelas esquinas de São Paulo e vai conversar como gentecivilizada”.
Lula também comemorou o crescimento de sua candidata à sucessãopresidencial. Dilma Rousseff lidera as últimas pesquisas de intenção devoto, mas o presidente evitou comentar uma possível vitória no primeiroturno. “Se vai ganhar no primeiro ou no segundo turno não importa. Oque importa é que ela vai ganhar”.
Lula disse ainda que pretente trabalhar duro até o último dia de seugoverno. “Vocês vão se surpreender. No dia 31 de dezembro, eu vou estarinaugurando obra no Brasil. Quem acha que eu vou ficar parado, emfesta… Eu tenho compromisso com o país, meu lema é trabalho.”
Dilma: eles acham que o povo é ingênuo
A candidata Dilma Rousseff também comentou o assunto neste domingo(22). Dilma classificou a atitude da campanha tucana de “estranha” edisse que fazer isso é supor que o povo é “ingênuo”.
“É estranho. É supor uma ingenuidade do povo brasileiro que é absurda.Por trás de quem usa a imagem do presidente Lula porque ele está com apopularidade alta, tem uma visão elitista do povo. Uma visão que achaque o povo acredita que quem foi contra o Lula durante os oito anos domandato, quem, durante a campanha de 2002, quando o Lula foi eleito,incentivou a teoria do medo e (agora) usa o Lula…”.
O comentário foi feito diante de questionamento de jornalistas arespeito do arquivamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), derepresentações da coligação de Dilma reclamando do uso da imagem deLula no horário eleitoral de Serra. Para o Tribunal, apenas o própriopresidente poderia reclamar do uso de sua imagem. O PT afirmou quepretende recorrer da decisão.
“Não vou nem discutir a ação. Eu não acredito que o nosso povo sejaincapaz de ter uma visão crítica. Pelo contrário, acho que ele entendedireitinho o que acontece”, concluiu Dilma.
Ações na Jusiça dos dois lados
Neste fim de semana, mais duas representações foram apresentadas àCorte. A coligação “Para o Brasil seguir mudando”, que apoia Dilma,pediu desconto de 10 minutos nas inserções de rádio de Serra. Um dosquestionamentos é a utilização do nome do presidente Lula em um spot derádio de 15 segundos que teria sido veiculado 20 vezes. O argumento éque a exposição seria irregular, feita para confundir o eleitor.
A coligação reclama também que a inserção teria a intenção deridicularizar a imagem da petista ao chamá-la de “Dona Dilma” e afirmarque ela “pegou o bonde andando, tá de carona e quer sentar na janela”.O relator do pedido é o ministro Henrique Neves.
A coligação ‘O Brasil pode Mais’, que apoia a candidatura do tucanoJosé Serra ao Palácio do Planalto, também resolveu questionar no TSE ouso de imagens de Lula na campanha eleitoral do PT.
Nos últimos dias, foram protocoladas mais de 20 representações,referentes à propaganda eleitoral da coligação adversária em São Paulo,Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina. A alegação éque, ao mostrar Lula pedindo votos para a presidenciável Dilma Rousseffno tempo destinado a outros candidatos, estaria sendo cometida umainvasão da propaganda eleitoral. Isso violaria o previsto no artigo53-A da Lei das Eleições. Ele veda a inclusão “no horário destinado aoscandidatos às eleições proporcionais propaganda das candidaturas aeleições majoritárias”.
As representações pedem redução equivalente ao tempo em que foi veiculada a suposta invasão.
Estratégia com prazo de validade
Impactados com os resultados das últimas pesquisas, todas desfavoráveisao candidato tucano, aliados de Serra reclamam da ineficácia daestratégia de usar a imagem de Lula na campanha da oposição. Apesar dasreclamações dos aliados, está mantida a linha de comunicação dacampanha. A estratégia tem, no entanto, prazo de validade: a Semana daPátria.
A menos que haja grave turbulência até lá, a campanha trabalha com umprazo de até 15 dias para avaliação da eficácia do programa. Haverácorreção de rota se a candidatura não apresentar, até o feriado de Setede Setembro, fôlego para chegada ao segundo turno.
Serra avaliza o trabalho do coordenador de comunicação, Luiz Gonzalez.Mas já dá sinais de desconforto, consultando aliados sobre a qualidadedos programas. “Precisamos de pelo menos 10 dias para que haja umamaturação”, afirma o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), escaladopara pedir um voto de confiança aos aliados.
Inconformados, tucanos alertam para o risco da exaltação da imagem deLula acabar turbinando ainda mais a candidatura de Dilma. Oex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos mais insatisfeitos.