Luis Soares
Colunista
Política 23/Ago/2010 às 22:58 COMENTÁRIOS
Política

Palhaçada não é jornalismo

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 23 Ago, 2010 às 22h58
Uma pequena nota na editoria de política do Estado de S.Paulo e um texto no Globo (sexta,13/8) recolocam em debate uma recomendação do Tribunal SuperiorEleitoral que tem sido apontada pela imprensa como restrição àliberdade de informação.

Trata-se da proibição aos programashumorísticos do rádio e da televisão de ridicularizar ou degradarcandidatos durante o período eleitoral.

Integrantes de programashumorísticos como Casseta e Planeta, CQC e Pânico na TV argumentam quea restrição afeta a liberdade de imprensa. Confundem mídia com imprensa.

Acomunicação do TSE, divulgada em nota e reproduzida na sexta-feira poralguns jornais, lembra que a determinação está explicitada nalegislação eleitoral desde 1997, quando as regras foram aprovadas peloCongresso e sancionadas pelo então presidente da República, FernandoHenrique Cardoso.

Considerando que as emissoras de rádio e TVsão concessões públicas, o texto impõe restrições à programação, nãoapenas de noticiários, mas também de programas de entretenimento, comonovelas e humorísticos.

Sem graça

Oartigo 45 da Lei 9.504 veda o uso de trucagem, montagem e outrosrecursos de áudio ou vídeo que alterem, degradando ou ridicularizando,a imagem pública de candidatos, partidos ou coligações, prevendo multaspara as emissoras em caso de desobediência.

A questão é bastanteclara, como é claro também que as emissoras usam programas humorísticospara influenciar a opinião dos eleitores e favorecer determinadoscandidatos.

Esse tipo de manobra fica claro em seções deprogramas humorísticos travestidos de jornalismo, nas quais ocomediante entrevista um político e depois, na edição, aplica-se umnariz de palhaço sobre o rosto do entrevistado. As pautas desse tipo deprograma são claramente escolhidas para ridicularizar uns e pouparoutros, conforme as preferências da emissora.

E quando o humor é usado para favorecimentos, não tem graça nenhuma.

Luciano Martins Costa

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