Nos últimos cinco anos, a participação dos defensivos genéricos noBrasil passou de praticamente zero para 48,5% da receita total domercado brasileiro. No ano passado, esses produtos foram responsáveispor movimentar US$ 3,2 bilhões, ante os US$ 3,4 bilhões dos produtos”convencionais”, também conhecidos no mercado como “especialidades”.
Em volume, a fatia é ainda maior. O mercado de produtos genéricosrepresentou em 2009 pouco mais de 80% das 725,5 mil toneladas deproduto comercial negociada no Brasil. Além disso, das 335,8 miltoneladas de ingredientes ativos comercializadas, apenas 15% foram deprodutos convencionais no ano passado.
Parte expressiva desse crescimento se deu pela evolução da sojatransgênica no Brasil e o aumento da demanda por seu principaldefensivo, o glifosato. “O crescimento dos genéricos foi rápido porqueo glifosato é um produto conhecido e muito usado. Aproximadamente 90%dos herbicidas genéricos vendidos são à base de glifosato”, diz CléberVieira, gerente de projetos da Agroconsult. No ano passado, osherbicidas responderam sozinhos por 60% da demanda de defensivos emvolume.
Dados do Ministério da Agricultura mostram que existem 22 empresasregistradas para comercializar 45 produtos à base de glifosato. SegundoValdemar Fischer, gerente geral da Nufarm para América Latina – segundamaior empresa de genéricos no Brasil – existem ainda 174 pedidos pararegistro de produtos à base do ingrediente ativo para um mercado 250milhões de litros anuais.
“Os genéricos aumentaram a concorrência no setor. Existem 115empresas cadastradas no Ministério da Agricultura, sendo que 38 compresença mais expressiva”, diz Fischer. Segundo ele, os oito maioresgrupos detinham em 2001 quase 85% do mercado.
Em 2009, as oito maiores do ranking passaram a ter 77% do mercado.
“A competição no mercado de defensivos está cada vez maior. Para sedestacar, as empresas que apostam em pesquisa e desenvolvimento paraelaborar novos defensivos e manter patentes por algum tempo estãogastando cada vez mais tempo, pesquisando mais componentes para cadanovo registro e aplicando mais recursos durante esse processo”, afirmaAntônio Carlos Motta Guimarães, presidente da CropLife América Latina ediretor-geral da Syngenta para a América Latina.
Em sua apresentação na Crop World – evento realizado em São Paulocom as principais empresas de agroquímicos -, Guimarães disse que nadécada de 90 as empresas pesquisavam em média 50 mil componentesdurante aproximadamente oito anos, com investimentos de US$ 152 milhõespara se chegar a um novo produto. Dez anos depois, passaram a sernecessários 100 mil componentes, nove anos e US$ 184 milhões para cadadefensivo. Atualmente, são gastos em média dez anos para combinar 150mil componentes com aportes de US$ 256 milhões até se chegar a um novoproduto.
“O crescimento dos genéricos será menos intenso daqui para frente.Diferentemente do glifosato, que é um produto muito antigo, conforme aspatentes caiam as empresas de genéricos precisam iniciar todo oprocesso regulatório, além de investirem na pesquisa de formulação e naparte técnica da pesquisa”, afirma Vieira, da Agroconsult.
Do Valor Econômico