Para a diretora da Casa da Aids, Eliana Gutierrez, os dados são surpreendentes. “A gente realmente não imaginava”, diz. Em números, são 75% dos pacientes trabalhando, 68% vivendo com família ou amigos e 59% em relações amorosas estáveis. Destes, dois terços fazem sexo com quem não tem o vírus e 90% contaram ao parceiro que são portadores do HIV.
O que explica os bons resultados, segundo a diretora da instituição, é o tratamento. “Estas pessoas estão usufruindo hoje dos benefícios da medicação”, conta. O fato de terem recebido o diagnóstico há bastante tempo também é importante. “O diagnóstico tem um poder de desorganização de todos os domínios da vida que não é pequeno. Essas pessoas já passaram pela fase do choque do diagnóstico”, afirma a diretora.
Para ela, um dos méritos da pesquisa é mostrar o que pode acontecer com um soropositivo após esse choque inicial. “Muitas vezes, quando as pessoas recebem o diagnóstico e iniciam o tratamento, não conseguem enxergar o que vai acontecer dali alguns anos. Nós estamos mostrando o que pode ocorrer com pessoas que já têm diagnóstico há muitos anos e já estão em tratamento”, diz.
Quem tem HIV também está envelhecendo. A média de idade dos pacientes da Casa da Aids é de 44 anos. “É possível envelhecer com Aids, envelhecer mesmo, ir ficando velho. Muitos dos meus pacientes já têm netos, e eu ainda não tenho. Está acontecendo um envelhecimento da epidemia e um dos fatores é que as pessoas que vivem com HIV e fazem o tratamento estão sobrevivendo muito tempo”, afirma Eliana.
O outro fator que explica este envelhecimento não deve ser comemorado. A diretora da Casa da Aids explica que, diferente dos jovens, que cresceram ouvindo sobre a importância dos preservativos, as pessoas mais velhas não têm o hábito de usá-los. O resultado é que quem tem mais idade está contraindo o vírus.