Quebra de sigilo: matérias desmontam versão de Serra
Publicado em 10 Set, 2010 às 17h08
Uma matéria feitapelo SBT Brasil revelou que o assunto de quebra de sigilos por umamáfia que atua em São Paulo já era conhecido pelo candidato tucano JoséSerra desde, pelo menos, outubro de 2009. Na matéria, o próprio Serracomenta a devassa de sua declaração e de sua mulher com total calma enaturalidade, sem dizer que foi o PT, ou que é por motivos eleitorais.Apesar disso, a campanha de Serra insiste em usar o tema da quebra desigilo contra a candidatura de Dilma Rousseff. Sem sucesso até aqui.
Nestaquinta-feira, o blog do Nassif publicou uma análise de João FranciscoMeira, do Vox Populi, sobre o tracking do IG-Bandeirantes: segundo esselevantamento diário, o tema da quebra do sigilo, abraçado por Serra,não está provocando nenhuma mudança na intenção de voto dos eleitores.Nassif escreve:
Não existe nenhumaoscilação significativa, diz ele. Dada a natureza do tracking, tem quese acompanhar a curva dos candidatos, não os resultados diários. E acurva não mostra nenhuma alteração significativa após o caso do taldossiê. Metade da população ficou sabendo do assunto, diz ele. Dessametade, os eleitores da Dilma tendem a acreditar nela, os do Serra,nele, e os indecisos tendem a acreditar mais na Dilma que no Serra.
Ele não entende ofuzuê em torno da quebra de sigilo. «Vocês, jornalistas, estão carecasde saber que sigilo fiscal no Brasil é uma peneira», diz ele. Emqualquer loja que se vá, na compra de um carro, de um eletrodoméstico,o gerente pede um instante para consultar o crédito. Liga para umsujeito denominado de analista de crédito que tem todas as informaçõesdo candidato ao financiamento, do Imposto de Renda ao Serasa. Basta umaolhada no Google para encontrar centenas de traficantes de informaçõessigilosas, diz ele.
Ligar esse tema à campanha é forçar a barra.
17 milhões de sigilos quebrados nos anos FHC
No siteBrasilwiki, João Paulo Marat mostra como, durante o governo FHC, cercade 17 milhões de brasileiros tiveram seu sigilo quebrado, inclusive ofiscal. Marat indica matérias e documentos da Câmara Federal sobre oassunto. Ele escreve:
A ação daquadrilha que quebra sigilos fiscais não é desta eleição, nem de ontem,nem deste ano. É uma praga que atinge o Brasil há muito, e não é uma”estratégia” da campanha de Dilma Roussef, como tanto gostariam osintegrantes do PSDB e do DEM. Documentos provam que, ainda em 2009, umrequerimento expedido por Arnaldo Faria de Sá ao presidente da CPIdestinada a apurar a Violência Urbana pedia uma audiência pública paraapurar que dados fiscais sigilosos estavam sendo vendidos por camelôsde São Paulo – em 2009. Entre os que tiveram seus sigilos violadosestavam o presidente da República, Luís Inácio Lula, o ministroMantega, o governador José Serra, Verônica Serra e outros menoscotados. É só conferir em
Por volta dos anos2000 e 2001, a Receita Federal iniciava informatização dos dadosfiscais e cadastrais dasPessoas físicas e Jurídicas. Em razão destaatualização, foram disponibilizados os bancos de dados completos daspessoas físicas e jurídicas por algum tempo. Em 2008, o SBT fez umareportagem que havia, no bairro paulista da Santa Ifigênia, pessoas quevendiam a senha para acesso aos bancos de dados do Serpro. O assuntochegou a ser publicado, na época, no jornalão Folha de São Paulo:
Isso foi há 10anos, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente. Nesta ocasião,vazaram da Receita Federal os dados do Imposto de Renda do próprio FH,Sílvio Santos, Gugu Liberato e dados cadastrais de 17 milhões debrasileiros.
Atualmente, FHC,que viaja pelo exterior desde que Serra se lançou candidato, pede emseus artigos que Dilma Rouseff seja penalizada. Os dados eram vendidosem disquete, pela quantia de R$ 6 mil e a desfaçatez era tanta quechegavam a anunciar em classificados de jornal. O assunto não ganhou asmanchetes dos jornais. Era um caso de polícia.
Carta Maior