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Serra realiza manobra perigosa ao acusar Dilma sem provas

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Serra anda tenso com o declínio nas pesquisas

Candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra voltou a acusar, mesmosem apresentar quaisquer provas, a candidata adversária Dilma Rousseff(PT) e o governo federal pela quebra do sigilo fiscal de sua filha,Verônica Serra. Desta vez, o público foi cerca de 300 prefeitos,durante evento na capital paulista.
– O segredo fiscal de pessoas que o governo identifica comoadversários foi quebrado por gente na Receita Federal evidentemente aserviço de uma operação político-partidária e eleitoral – discursou ocandidato da aliança dos partidos da direita brasileira. Além dosprefeitos, havia deputados e vereadores na assistência. Serra vemusando, desde junho, o mote da quebra de sigilo como forma de atacar acandidatura apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele járesponde a processos por calúnia e difamação, tanto na Justiça comumquanto nos tribunais eleitorais, por tentar ligar sua adversária àconfecção de um possível dossiê contra ele e demais dirigentes tucanos.
O mais novo capítulo da série de acusações envolve a divulgação dedados sigilosos da filha de Serra, Verônica, em acessos realizados porum contador, Antonio Carlos Atella Ferreira, em setembro e outubro doano passado, em agências da Receita Federal no ABC paulista. O própriocontador admite ter tirado cópias das declarações do Imposto de Rendade Verônica, ex-sócia de Verônica Dantas, irmã do banqueiro DanielDantas. Ela e o irmão são investigados pela Polícia Federal porformação de quadrilha e evasão de divisas.
O candidato tucano está 24 pontos atrás da candidata do PT, DilmaRousseff, nas últimas pesquisas de opinião. Dilma tem 51% das intençõesde voto e Serra, 27%, segundo o Ibope. Sua equipe de marketing jáadmitiu que apenas um fato novo poderia reverter a provável vitória dacandidata petista ainda no primeiro turno e a questão da quebra desigilo de tucanos famosos seria um fato relevante a ser explorado.Colunista de um diário especializado em economia, a jornalista MariaInês Nassif alerta o candidato, no entanto, para o risco dessa manobra:
“A saída de Serra é tentar ser, ele próprio, a vítima. A algoz temque ser Dilma, porque Lula não tem colado nesse papel. Como a pranchade Serra está contra a onda, no entanto, o marketing teria queconseguir uma sintonia muito fina. É tênue a separação entre umaacusação – a de que Dilma é a responsável pela quebra de sigilo – e ainfâmia, no ouvido do eleitor. Quando a onda está contra o candidatoque faz a acusação, um erro é fatal. Essa sintonia não parece que estásendo conseguida. O aumento da rejeição do candidato tucano, desde oinício da propaganda eleitoral, é alarmante”, escreveu Nassif, naedição desta quinta-feira do diário conservador Valor Econômico, nacoluna intitulada: “Oposição a Lula virou amizade, quase amor”.
Contador
O estrago provocado pelas declarações do contador Antonio CarlosAtella Ferreira à tese de que haveria motivação política da parte daReceita Federal, ao liberar dados do alto tucanato nacional até agoranão foi contabilizado pela campanha de Serra. Atella Ferreira temadmitido, em entrevistas concedidas ao longo das últimas horas, querealmente levou à Receita Federal uma solicitação para obter cópias dasdeclarações de Imposto de Renda da filha do candidato a presidente JoséSerra (PSDB), a empresária Verônica Serra.
Ele afirma, porém, ter sido apenas um elo na cadeia deirregularidades que começa no pedido de um advogado, cliente de seuescritório de contabilidade. Negou, porém, ter qualquer conhecimentosobre o teor do documento que requeria e a quem pertenciam os dadosobtidos. 
Ele também afirma não se lembrar o nome do cliente que lhe feza solicitação, mas garante ser alguém “inescrupuloso”.
– Eu não sabia que era a filha do Serra. Eu nem sabia que o Serratinha filha. Eu sempre votei no Serra, sou eleitor dele. Eu queroencontrá-lo pessoalmente e lhe dar uma rosa – diz ele a jornalistas.
Atella disse ainda que está “dando risada até agora” por ter sidocitado pelo candidato tucano e espera, com isso, ganhar certanotoriedade:
– Viu? Agora estou na mídia.
Para o contador, tudo não passa de “uma brincadeira de mau gosto”.
Correio do Brasil