Dilma, Zé, Ricardo, Serra e os detalhes
Independentemente da leviandade (insegurança) do eleitorado, o fato é que as eleições presidencial e para governador da Paraíba serão decididas nos detalhes, mais nos erros do que nos acertos. Tanto Dilma como Maranhão já tinham como certas as vitórias ainda no primeiro turno. Relaxaram, cometeram equívocos imperdoáveis e, agora, amargam preocupação por verem suas pretensões ameaçadas. Se perderem, será menos devido às virtudes dos seus adversários do que em razão da própria incompetência. Quer dizer, serão derrotados por si mesmos. Terão que testemunhar as comemorações de dois discursos falidos e inconsistentes: o de José Serra e o de Ricardo Coutinho.
Quando o reserva (vice) se torna titular
As forças conscientes e inconscientes da natureza devem estar conspirando a favor de Dilma Rousseff, pois não é aceitável que o Brasil, nas eventualidades de uma vitória oposicionista, e do impedimento de Serra, por qualquer motivo, tenha que ver no birô presidencial a figura de Índio da Costa (DEM). Este, com certeza, é para se temer muito mais do que qualquer outro. Não tanto pelo desmerecimento do mesmo, mas por causa da forma pela qual foi escolhido como vice na chapa tucana. O PSDB e o DEM não se entendiam. A composição puro sangue, com Serra e Álvaro Dias, uma vez que Aécio Neves preferiu se candidatar ao Senado, era uma prova de que a imagem do DEM estava em baixa, devido ao escândalo de Brasília que culminou com a prisão do governador José Roberto Arruda. O próprio partido não quis indicar nomes mais conhecidos, que não conseguem se livrar da marca do PFL e dos velhos PDS, ARENA e até UDN. Foi ridícula a troca de Álvaro Dias por Índio, exemplificando que não há mais como dissociar as duas agremiações uma da outra: PSDB e DEM.
De fazer vergonha
Se o PT perder estas eleições, sofrerá uma das maiores humilhações, já que será inesquecível ser vencido pela pior oposição que já existiu no Brasil. Não é fácil se confrontar com o governo do primeiro (e provavelmente o último) representante autêntico da classe trabalhadora.
Oportunismo, soberba ou crise de identidade?
São inegáveis os méritos do candidato a governador da Paraíba Ricardo Coutinho em sua empreitada. Ocorre que seus furos são bastante visíveis. Por exemplo: ele se considera o Novo Lula, ou melhor, o Lula paraibano. Se compara ao metalúrgico ao justificar as alianças que fez. E se apossou do slogan da campanha do petista em 2002: “A Esperança Venceu o Medo!” Além disso, plagia o grande indicador verbal da era JK, que foi: “50 ANOS EM 5”. Ao prometer para a Paraíba 40 anos em 4, Ricardo Coutinho obriga o bom senso a dizer: É DEMAIS!
Coutinho subestima a razão quando recorre ao maniqueísmo
Ricardo Coutinho age como se, de repente, tivesse baixado o espírito do bem dizendo que a Paraíba precisava dele para se livrar de algo muito ruim que estava acontecendo. No caso, o grande mal que estaria destruindo o Estado chama-se José Maranhão e ele, Ricardo, seria o “salvador”, o único capaz de combater o atraso. Ocorre que pensar assim não representa modernidade.
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*Luis Soares é escritor, colunista e editor de Pragmatismo Político
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