Luis Soares
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Política 12/Nov/2010 às 17:05 COMENTÁRIOS
Política

Câmara tem novos blocos, PV rumo

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 12 Nov, 2010 às 17h05
As movimentações dos partidos na Câmara Federal não param. Nesta semana, representantes do PRTB, PRP, PTC e PSL se reuniram com o deputado Marco Maia (PT-RS), presidente em exercício da Casa. O grupo comunicou a criação de um novo bloco parlamentar, a partir de 2011, constituído pelos seis deputados federais eleitos por esses partidos.
 
O presidente nacional do PRTB, José Levy Fidelix, destacou a importância de possuírem um espaço físico e dispor de funcionários, enquanto Marco Maia reconheceu o direito do grupo. “Temos que avaliar as mudanças que vão ocorrer em todas as bancadas e blocos. A partir daí, vamos readequar os espaços da Casa de modo que todos sejam acomodados”, afirmou o deputado.

Também nesta semana, líderes de PDT, PSB, PCdoB e PRB começaram as negociações para a formação de um novo “bloco de esquerda” no Congresso Nacional. As siglas — que somam — 85 deputados federais e dez senadores — esperam garantir apoio ao governo da presidente eleita Dilma Rousseff e ocupar espaços importantes nas direções das duas Casas.

A inclinação do PV também é fechar acordo com o “bloco de esquerda”, desde que garanta a Comissão de Meio Ambiente. O líder do PV na Câmara, Edson Duarte (BA), foi designado pelo partido para a articulação política dentro do Congresso e refutou qualquer possibilidade de o partido se juntar neste primeiro momento à oposição.

“A tendência é o PV formar bloco com partidos da base governista como o PSB e o PSC. O PPS também tem historicamente boas relações com o PV, mas, se tiver com o PSDB, certamente recusaremos”, afirma. “Com o bloco, poderemos ter maior espaço político, sobretudo nas comissões — o que tivemos muita dificuldade nessa legislatura por estarmos sozinhos.”

Fusões

A situação mais delicada é a dos partidos que fizeram oposição radical ao governo Lula e sofreram derrotas fragorosas nas eleições de 2010. PSDB, DEM e PPS encolheram sensivelmente, tanto na Câmara quanto no Senado. Líderes “demos”, sem rumo e sob temor do desaparecimento, estudam a fusão com o PSDB e até um desembarque no PMDB, talvez até levando a legenda para a base de Dilma.

O DEM perdeu nada menos que 22 cadeiras na Câmara e seis no Senado. Foi a quarta eleição seguida em que a legenda saiu menor do que entrou. Na oposição desde a primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, o partido viu a bancada se reduzir dramaticamente. De mais de cem deputados federais eleitos em 1998, sobrarão apenas 43 a partir de 1º de fevereiro, data da posse dos novos parlamentares.

O maior medo do DEM é que uma janela para a troca de partidos seja aprovada pelo Congresso e a bancada se reduza ainda mais com a migração de parlamentares para a base governista. “Estamos extremamente fragilizados. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tem conversado com vários partidos, sempre com um cenário de fusão”, revela o deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP). O presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), também tem participado dos encontros.

Ao negociar um desembarque na bancada pró-Dilma, o DEM praticamente implodiria a oposição ao Palácio do Planalto — já que o grupo ficaria reduzido a PSDB, PSol e PPS, que, juntos, detêm apenas 68 dos 513 assentos na Câmara dos Deputados. O problema, para a oposição, é que também o PPS tenta se afastar da imagem conservadora dos atuais aliados para marchar rumo a uma oposição mais branda ao governo federal.

O PPS tentará formar uma frente com partidos menores para tentar ganhar um mínimo de musculatura no Congresso. A legenda viu reduzir de 22 para 12 o número de deputados na Câmara e tem apenas Itamar Franco (PPS-MG) no Senado. O presidente do partido, Roberto Freire, já admite até mesmo deixar a oposição e integrar-se à base de Dilma, desde que o Palácio do Planalto altere a atual política econômica.

Nanicos

Já o PMN e o PTdoB — que também apoiaram a derrotada campanha presidencial de José Serra (PSDB) — elegeram mais parlamentares em relação à disputa de 2006. Contudo, estão mais isolados no Congresso e já tentam se explicar por que não aderiram a Dilma.

Senador eleito pelo Acre, Sérgio Petecão (PMN) explica que apoiou Serra em seu estado porque é adversário político dos irmãos Jorge Viana (PT) e Tião Viana (PT). Apesar da indisposição com o PT acriano, Petecão afirma que pertencerá à base de apoio de Dilma no Congresso. “Entendo que o Acre precisa muito do governo federal”, afirma. “Vivo em um estado que depende 100% de recursos federais, mas relação com os Vianas não tem jeito. Mas quero ter uma boa relação com o governo federal.”
Vermelho & Agências

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