Do blog BrasiliaMaranhao
A entrevista nas Páginas Amarelas da revista Veja, edição 2.170, de 13 de junho de 2010, traz estas perguntas ao candidato do PSDB à presidência, José Serra:
VEJA – Por que para a democracia brasileira é positivo experimentar uma alternância de poder depois de oito anos de governo Lula?
(…)
VEJA – Como o senhor conseguiu governar a cidade e o estado de São Paulo sem nunca ter tido uma única derrota importante nas casas legislativas e sem que se tenha ouvido falar que lançou mão de “mensalões” ou outras formas de coerção sobre vereadores e deputados estaduais?
Essas perguntas e a entrevista completa (confira aqui) constituem um dos melhores exemplos para ilustrar como a revista informativa de maior circulação do Brasil se transformou numa publicação tucana que produz basicamente dois tipos de conteúdo: o antijornalismo (para atacar os desafetos) e a publicidade deslavada (para agradar e divulgar os aliados).
A entrevista deveria virar material obrigatório nos cursos de jornalismo, para mostrar o que não é jornalismo.
Não vi nenhuma manifestação de tucanos assumidos ou enrustidos (como o Marcelo Tas) criticando a Veja.
Mas hoje (24), durante a entrevista de Lula a dez dos blogs que organizaram o I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, o comediante (ou jornalista? nem sei mais dizer!) Marcelo Tas desqualificou a iniciativa no seu Twitter (seguido por mais de um milhão de pessoas, não custa lembrar).
A entrevista começou por volta de 10h e foi transmitida através da Twitcam (ferramenta de transmissão de vídeo associada ao Twitter).
Dez blogueiros (entre eles vários não ligados ao (ou simpatizantes orgânicos do) PT ou governo Lula, como Leandro Fortes, Tulio Vianna, Rodrigo Vianna, Altino Machado, Pierre Lucena, do Acerto de Contas, entre outros) participaram presencialmente da entrevista, que foi confirmada pela assesoria de imprensa da Presidência da República apenas na sexta-feira (19).
Os assuntos foram variados e Lula não poupou palavras e histórias. Para o Tas, entretanto, tudo não passava de um show.
O pseudojornalista (essa é a melhor definição) debochou da iniciativa.
Em certo momento, Lula contou detalhes de suas conversas com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sempre com muito bom humor, o que gerou sorrisos entre os presentes. Para Marcelo Tas, isso era uma tentativa de “justificar o Ahmadinejad”. Quem não acompanhou a entrevista, mas apenas leu o que o Tas escreveu, pode até ter ficado com a impressão de que o careca simpático é defensor dos direitos humanos das pessoas perseguidas no Irã.
Mas o pior nem foi isso. Dando vazão à sua angústia (provavelmente efeito colateral da derrota do Serra), Marcelo Tas agiu feito criança que diz, expressando todo despeito, inveja e soberba: — Ah, o meu brinquedo é mais bonito do que o seu, besta!
Depois, Tas voltou a criticar a entrevista, como se ele fosse um sujeito desinformado e não soubesse que a coletiva foi solicitada pelos organizadores e participantes do I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, lá em agosto.
Para o seu público, Marcelo Tas posou, como sempre, de mocinho, daquele que denuncia as farsas. Isso para esconder a sua própria hipocrisia.
Por fim, Tas tenta limpar um pouco a sujeira que fez, dizendo que respeita Lula e o cargo de presidente.
Não é isso que a blogosfera viu durante a campanha, quando Tas não teve pudor de mentir e distorcer a realidade para atacar Lula, o PT e Dilma.
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