A Justiça de Minas Gerais realiza nesta quinta-feira (24) audiência para ouvir testemunhas do esquema que ficou conhecido como “mensalão tucano“, ou “mensalão mineiro”. O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia e outras oito pessoas que são réus no processo devem comparecer ao Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, para acompanhar os depoimentos.
O grupo é apontado como responsável pelo desvio de R$ 3,5 milhões de estatais mineiras para financiar a campanha à reeleição do então governador e atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB). Azeredo também é acusado de envolvimento com o esquema, mas a ação contra ele tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
A audiência com as testemunhas arroladas pelo Ministério Público havia sido marcada para o fim de janeiro — mas foi adiada depois que os advogados de defesa dos réus solicitaram a realização de intimação de todos os acusados. As mesmas testemunhas prestaram depoimento na semana passada na Justiça Federal em Minas, por determinação do STF, na ação que pesa sobre Azeredo.
Na ocasião, o juiz federal Rodrigo Rigamonte Fonseca informou que o teor dos depoimentos estaria sob sigilo. Até então réu no processo que tramita na Justiça mineira, o senador Clésio Andrade (PR-MG) também conseguiu foro privilegiado ao assumir a vaga no Senado após a morte de Eliseu Rezende (DEM-MG), no início do ano. Por isso, ele será julgado pelo STF.
O grupo indicado pelo então procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, e pelo Ministério Público mineiro envolve políticos, ex-funcionários de empresas estatais mineiras e de agências de publicidade que prestaram serviços durante a campanha de Azeredo à reeleição ao governo de Minas, em 1998, e durante o primeiro governo do tucano. Segundo a denúncia, os acusados desviaram recursos da Copasa por meio de patrocínios de eventos esportivos. Os réus negam as acusações.
Além Azeredo, Clésio, Valério e Mares Guia, respondem pelos crimes o ex-secretário de Administração do governo de Minas, Cláudio Mourão; o ex-diretor da Comig (atual Codemig), Lauro Wilson Lima; o ex-diretor da Companhia de Saneamento (Copasa), Fernando Moreira Soares; os ex-sócios de Valério e publicitários Ramon Hollerbach Cardoso e Cristiano de Melo Paz; o ex-secretário de Comunicação do governo Azeredo, Eduardo Guedes; o ex-diretor da Comig Renato Caporali Cordeiro; e o ex-presidente do Bemge, José Afonso Bicalho.
Vermelho e O Globo
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