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Ciclo fechado e dilemas da classe média

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Por Luis Soares, em Pragmatismo Politico

Governo Lula fez sua parte ao inserir milhões à classe média

Está se encerrando, certamente, um dos mais importantes ciclos da história política brasileira. A chegada do PT e de Lula ao poder central representou a materialização do começo de uma conciliação entre as aspirações das classes mais abastadas e das menos favorecidas.

Nesse contexto, não é conveniente destacar o tão propalado desconforto da classe média, fadada a funcionar sempre como plataforma intermediária entre a parte de baixo e a de cima da pirâmide social. As subdivisões que o referido segmento incorpora são a amostra mais visível do desconforto que vivenciam os que estão no limbo social, ou seja, aqueles que situam-se entre o inferno e o céu.

Quem sai da pobreza aspira subir mais, assim como quem cai não quer descer mais ainda. Estar no meio representa descanso para arregimentar forças visando seguir em frente, jamais retroceder. Integrar a classe média-baixa, a classe média-média e a classe média-alta significa viver entre a cruz e a espada, quer dizer, sofrendo devido às incertezas, mas, ao mesmo tempo, alimentando esperanças. Como, em quaisquer circunstâncias, somente uma minoria tem o privilégio de fazer parte do degrau mais alto, fica mais do que evidente que o destino da classe média no Brasil é ir tocando o barco como pode: reclamando e fazendo planos, padecendo e sonhando.

Desafio é sonhar com os pés no chão

A melhoria do padrão de vida da classe média depende de uma série de fatores, a começar pelo combate às defasagens históricas do nosso desenvolvimento e culminando com investimentos estratégicos e inteligentes que separem definitivamente o essencial do supérfluo e façam com que os “intermediários” tenham acesso aos bens de consumo mais importantes, como ocorre, por exemplo, na Europa, nos Estados Unidos e em alguns países asiáticos.

Não é nem será, por muito tempo ainda, tarefa fácil tornar equilibrada e feliz a classe média brasileira. Lula e a esquerda já cumpriram sua parte quando o PT, nos seus primeiros oito anos de poder, reduziu consideravelmente a pobreza e aumentou o número de moradores do meio da pirâmide (Ver gráfico).

Dilma fará também o seu papel, erradicando a miséria e engrossando a quantidade de emergentes. Depois de Lula e Dilma, com o ciclo da esquerda fechado, caberá a todos, independentemente de ideologias, a grandiosa missão de proporcionar ao Brasil um sistema corporativista do bem, que isole e trate como exóticos aquela minoria esbanjadora e vampiresca que vem, ao longo do tempo, sugando as energias de uma maioria sofrida que, graças à consumação do processo histórico, mesmo que a longuíssimo prazo, se fortalecerá e fará do Brasil, inexoravelmente, o país do futuro!