Alexandre de Sena é um mineiro de Belo Horizonte que começou sua vida de trabalhador aos 16 anos, na Rede Ferroviária Federal. Mas o corpo magrinho sonhava com outros cenários. Queria ser ator. Então, foi fazer curso de teatro no Palácio das Artes e, ali, naquela casa de cultura e arte, descobriu também a música. A vida seguiu e ele é hoje um dos DJs mais festejados de BH, trabalhando com música de qualidade. Mas o teatro não saiu da vida e ele vai unindo tudo isso num processo criativo que não tem fim.
A história cotidiana de brasileiros que lutam contra ódio e preconceito
Feito isso, os policias se foram como se tivessem esmagado um verme. Para eles, não era gente. Era um negro, logo, podia ser feito saco de pancadas, sem que nada acontecesse. Alexandre é negro, sim, e um homem de bem. Foi na delegacia, prestou queixa, fez exame de corpo de delito, apresentou denúncia na corregedoria. Tudo o que deve ser feito. Seus colegas fizeram uma passeata na cidade, no dia seguinte, junto com outros manifestantes. Expressaram a revolta por viver num país que ainda expressa cotidianamente o racismo.
Ser negro no Brasil ainda é uma dureza, sim. O racismo velado, espiando pelas frestas, o racismo concreto que aparece na rua, na favela, na periferia. O racismo real que toma conta dos servidores públicos, que é o que são os soldados da PM. Esse racismo existe e se faz presente toda hora. Um negro não pode falar, não pode andar na rua à noite, não pode estar bem vestido numa esquina. “Vaza, negão!” Essa é a ordem.
O que passa é que a gente não aceita mais isso. Não haverá silêncio. Por Alexandre e por todos os negros deste país. Que ninguém mais permita coisas como essas. Nem em Blumenau, nem em lugar algum.