Polícia de SP mata dois por dia e ninguém é punido em 3 meses
Só no mês passado a PM de São Paulo matou mais de 60 |
Coordenadora auxiliar do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, Daniela Skromov diz que é positivo as investigações ficarem a cargo do DHPP, mas que isso é ainda insuficiente. “É preciso focar a formação dos policiais, a atuação ativa da Corregedoria e a repulsa diária do comando a esse tipo de atitude.”
Depois de uma queda acentuada em abril, quando foram registrados 25 autos de resistência, ante 58 do mesmo mês de 2010, os números da letalidade policial apontam tendência de alta. Em maio, foram mortas pela PM 46 pessoas. Em junho, 61, quase o dobro do registrado em junho de 2010 (33).
Em comparação com o segundo trimestre de 2010, porém, os números seguem estáveis (quatro casos a mais). Houve ainda queda de 12,4% no número de mortos quando se compara o primeiro semestre deste ano com o de 2010 (274, ante 240).
O delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro de Lima, diz que as investigações são complexas e, por isso, ainda não foi possível concluir se policiais estão ou não envolvidos. Para ele, são necessários pelo menos quatro ou cinco meses para que o DHPP tenha uma base para finalizar investigações. “São questões testemunhais, exames técnicos, uma série de detalhes que têm sido colhidos. Demanda algo mais apurado.” Carneiro diz que não há interesse da Polícia Civil em acobertar irregularidades. “Se forem pegos no erro, aplica-se a lei, sem conversa.”
O delegado afirma que o grande erro está em tentar mascarar a cena do crime. “Não tem de plantar arma fria, dizer que ele (o bandido)tentou atirar. Tem de contar a realidade. A mentira é um conflito frontal com o conceito de Justiça.”
Fonte: O Estado de S.Paulo
Questionada, a Secretaria da Segurança Pública não se manifestou sobre a oscilação nos casos. A pasta toma por base manual que estabelece comparação entre períodos de seis meses para apontar tendências.