Paramilitares estupram, torturam e fazem escravas sexuais na Colômbia
estuprada por dez homens e contraiu um sífilis que se desenvolveu em um
câncer pélvico.
Paramilitares de extrema-direita estupram e matam impunes |
divulgou neste fim de semana a ocorrência de uma lista de casos graves
de violência e escravidão sexual entre os anos de 1999 e 2000, no qual
responsabiliza líderes de milícias paramilitares. Os incidentes
documentados chegam a 25, durante uma grande ofensiva desses grupos em
El Catatumbo, no departamento de Norte de Santander, nordeste do país.
Segundo a procuradoria, o número de vítimas pode ultrapassar
centenas, já que muitas mulheres temem testemunhar, em razão de terem
sofrido ameaças. As informações são do jornal El Tiempo.
Três líderes paramilitares foram acusados por responsabilidade
indireta pelos crimes: o ex-líder do Fronte de El Catatumbo Salvatore
Mancuso, Jorge Ivan Laverde, o “Iguano”, e José Bernardo Lozada, o
“Mauro”. A pena máxima para cada um é de oito anos. Segundo a
promotoria, embora não tenham cometido diretamente os crimes, os atos de
violência sexual não eram casos isolados, mas parte de uma estratégia
calculada pelo comando miliciano.
usadas para abusar de crianças e adolescentes”. “El Mono” Mancuso foi
também líder das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), uma espécie de
associação de vários grupos militares. Ele está preso nos Estados Unidos
desde 2008, quando foi extraditado, e já admitiu sua participação em
pelo menos 300 assassinatos.
Enquanto aguarda mais denúncias, outras quatro pessoas foram
procuradas por terem participado ativamente dos abusos – muitos dos
demais acusados já morreram em confrontos armados. É comum que muitos
milicianos abandonem seus grupos para entrarem no comando de
organizações de narcotráfico.
casos documentados de violência sexual em todo o país. Os pontos de
maior ocorrência seriam em El Catatumbo e nas regiões próximas de San
Onofre e El Salado.
Casos
Doze anos depois dos episódios de violência, muitas mulheres ainda
sofrem sérias sequelas físicas em razão das violações. Alguns dos casos
relatados pela promotoria chocam pela brutalidade e o número de vítimas
envolvidas.
Os paramilitares chegaram a seqüestrar um ônibus público,do qual
selecionaram sete mulheres. A justificativa do comandante da operação
era que “elas colaborariam para o grupo com sexo”. Os homens foram
assassinados e tiveram seus corpos mutilados. As mulheres foram
espancadas e estupradas. Uma das vítimas engravidou e, por causa da
violência das agressões sofridas durante o estupro, seu filho nasceu com
sérios problemas neurológicos.
Em novembro de 2000, os paramilitares invadiram uma propriedade
rural de um homem suspeito de colaborar com os rivais das FARC (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia). Ele, sua esposa grávida de quatro
meses e sua filha de onze anos acabaram amarrados em uma árvore, onde
foram espancados com tábuas de madeira. Depois, os milicianos atiraram
água com sal nas feridas dos membros da família.
Quando a mãe pediu para que não a agredissem porque estava
grávida, eles retiraram sua filha das cordas e a estupraram. Com medo de
sofrer represálias, só vieram a denunciar o crime dez anos depois.
Outro caso foi de uma mãe que pediu de joelhos que os
paramilitares não matassem seus três filhos. Todos dormiam quando sua
propriedade foi invadida. Acabou estuprada por dez homens e contraiu um
sífilis que se desenvolveu em um câncer pélvico.