Luis Soares, Pragmatismo Político
Os afagos compartilhados por Dilma e Obama, ontem, não impediram o posicionamento incisivo e nada subjetivo da primeira mulher a presidir o Brasil
Soberano, o Brasil quer a soberania de nações discriminadas |
Ao discursar como primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU, Dilma Rousseff não portou-se com a trivialidade possivelmente aguardada por algumas grandes potências ocidentais. Em verdade, desde que o Brasil iniciou voos mais ousados no cenário internacional, alimentado pela projeção capitaneada por Lula, que logo seria intitulado de ‘o cara’, nós brasileiros consequentemente aumentamos os níveis de exigência para com as ações e posturas do mandatário, ou mandatária geral da nação. (a íntegra do discurso pode ser assistida aqui)
Dilma não foi mais, nem menos, do que Lula. Foi simplesmente Dilma, com identidade própria. O que aproxima Dilma de Lula são as características humanísticas, que envolvem preocupações reais em solucionar situações conflituosas de modo que sangue não seja jorrado e feridas não sejam abertas. Aliás, essa é uma lição importante sobretudo para o presidente Barack Obama, que abraça o caminho do enfrentamento trilhado pelos seus antecessores, contribuindo para fortalecer o descrédito que cada vez mais o planeta nutre pelos Estados Unidos da América.
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Os afagos compartilhados por Dilma e Obama, ontem, não impediram o posicionamento incisivo e nada subjetivo da primeira mulher a presidir o Brasil. Vigiada pelo mundo, ela foi de encontro à política de exclusão adotada pelos EUA em relação ao povo palestino. Diferente do estadunidense, a brasileira defendeu que a ONU reconheça imediatamente o Estado Palestino, demonstrando um claro sinal de respeito à soberania de um povo que, desde acabada a Segunda Guerra mundial, é obrigado a conviver num cenário de guerra interminável.
“Chegou o momento de ter representada a Palestina a pleno título“, afirmou Rousseff, deixando clara a posição do Brasil em meio a intensas negociações para evitar uma crise diplomática pelo pedido de adesão dos palestinos à ONU.
No dia em que os tecnicismos foram substituídos pelo peculiar carinho feminino, os principais chefes de estado do planeta assistiram a independência da mulher em posição de liderança, enviando ao mundo o recado outrora enviado por alguns homens; jamais por uma mulher. É nesse protagonismo que pode e deve residir o diferencial prático.
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