Guerra injustificável

Serviços secretos dos EUA e Inglaterra ajudaram Kadafi a combater opositores, revelam documentos

Share

Documentos secretos revelam os vínculos que Muamar Kadafi tinha com Reino Unido e Estados Unidos, até o ponto de autoridades britânicas facilitarem ao regime da Líbia informação sobre opositores

Tony Blair, ex-premier britânico, entusiasmado aperta a mão de Kadafi. Até pouco tempo líder líbio era bajulado pelo ocidente, que hoje quer a sua cabeça.

As informações foram publicadas neste sábado (03/09) pelo jornal britânico The Independent, que diz ter tido acesso a arquivos que mostram que, em virtude dos chamados voos secretos da CIA, os EUA enviaram à Líbia prisioneiros para que fossem interrogados.

Leia mais:
Cobertura da Tv Globo na Líbia é uma afronta à inteligência dos brasileiros
Documentos revelam que até 2009 os EUA colocavam Kadafi num pedestal
Sarkozy e Cameron querem maior parte do lucro na Líbia, mas disputa é acirrada

Os documentos também indicam que o serviço de espionagem britânico MI6 entregou ao ditador líbio detalhes de pessoas que se opunham a seu regime.

Além disso, autoridades britânicas ajudaram a redigir a minuta de um discurso para Kadafi quando este decidiu há alguns anos abandonar o apoio a grupo terroristas e colaborar com o Ocidente.

Outros documentos revelam que EUA e Reino Unido atuaram em nome da Líbia nas negociações deste país com a AIEA (Agência Internacional da Energia Atômica).Segundo o The Independent, os arquivos foram encontrados nos escritórios privados de Moussa Koussa, braço direito de Kadafi e ex-ministro das Relações Exteriores que fugiu ao Reino Unido após a revolução iniciada há alguns meses na Líbia.

Os documentos fornecem detalhes da visita a Trípoli do então primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, cujo escritório solicitou que a entrevista com Kadafi acontecesse em uma tenda de campanha.

Após a chegada de Koussa ao Reino Unido, vários políticos pediram que este fosse interrogado com relação à participação do regime líbio em assassinatos perpetrados no exterior, como o da policial britânica Yvonne Fletcher, que morreu em frente à embaixada da Líbia em Londres em 1984 por disparos efetuados desde a legação diplomática.

Segundo a informação do The Independent, Moussa teria copiado vários documentos antes de deixar a Líbia.

Leia também:
Líbia – Mito da revolução popular e detalhes sórdidos de como a OTAN venceu a guerra
Devastação humana: uma seleção norte-americana de covardia e estupidez

Após conhecer estas revelações, o ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, disse à rede de televisão por satélite Sky News que a informação está relacionada com um governo prévio ao seu, portanto, “não tenho conhecimento disto”, especificou.

“Além disso, nós não fazemos comentários sobre assuntos de inteligência relativos ao assunto”, acrescentou Hague.

Agências e Opera Mundi

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook