Gilad Atzmon: American Tragedy, tradução do Coletivo Vila Vudu
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Obama vai mal nas pesquisas. Claramente precisa ter o lobby Judeu ao seu lado. Ontem, o presidente dos EUA “entregou”; e o lobby reagiu rapidamente – “Israel não tem melhor amigo no mundo, hoje [que Obama]”, escreveu o presidente do Conselho Nacional dos Judeus Democratas [ing. National Council of Jewish Democrats], David Harris.
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“Três assessores de Obama organizaram reunião com apoiadores do presidente e líderes da comunidade judaica. Os assessores, todos judeus, pediram aos apoiadores que “divulgassem a palavra” de que Obama faria discurso pró-Israel, que “manifesta suas posições mais sinceras e genuínas” e “implorou que todos prestassem muita atenção ao discurso do presidente.”
Os três assessores judeus “destacaram que os Republicanos distorceram intencionalmente as palavras de Obama, para mostrá-lo como presidente anti-Israel, sem, de fato, qualquer argumento que confirme as palavras dos Republicanos.”
Se ainda havia alguém idiota o bastante para crer que os EUA poderiam algum dia ajudar a construir alguma paz no Oriente Médio, a verdade, agora, apareceu, à vista, inegável. O mundo político nos EUA está evidentemente sequestrado por um lobby estrangeiro, que representa interesses estrangeiros. Os EUA não conseguirão salvar-se, sozinhos, desse sequestro. O que vemos hoje, frente aos nossos olhos, é, basicamente, uma tragédia.
A tragédia grega sempre mostra a queda de um herói nobre, que cai, quase sempre, por uma combinação de húbris, destino e a vontade dos deuses. A tragédia dos EUA contém os mesmos elementos. Os EUA sempre se viram eles mesmos como ‘herói nobre’ desde a fundação da nação, e a húbris não é estranha à cultura norte-americana. O destino dos EUA está escrito na parede já há algum tempo. E, sobre deuses, alguém adivinha de que deuses se trata? Acho que Obama e seu partido acreditam que conheçam muito bem os que tentavam acalmar, ontem à noite. Acham que conhecem muito bem os deuses deles, porque vergonhosamente se misturam, o presidente e aquelas pessoas, uma vez por ano, na reunião anual do AIPAC [American-Israel Public Affairs Comittee].
Mas é possível que Obama e seus “assessores” estejam errados, nesse ponto. Os “deuses” deles não são absolutamente estúpidos, e já entenderam o que Obama está tentando arquitetar, como escreveu Ben Horin ontem. Eles sabem o que “segundo mandato de Obama” significa para Israel, em termos de política. Lembram, por exemplo, que na campanha eleitoral em 2000, George Bush prometeu transferir a embaixada dos EUA, de Telavive para Jerusalém; mas, quando foi reeleito, pressionou Sharon a retirar-se da Faixa de Gaza. Lembram também que o mesmo George Bush foi o presidente que apareceu ao lado de Mahamoud Abbas (Abu Mazen) e declarou que as negociações com os palestinos deveriam considerar a fronteira do armistício de 49.
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Ontem Obama cometeu grave erro pessoal. Mas pelo qual pagarão os norte-americanos, os israelenses e os palestinos. O que se vê aí é uma tragédia clássica, porque os EUA não têm poder político para salvarem-se, eles mesmos, dessa sua própria tragédia.
A única questão que talvez ainda interesse, nesse ponto da história, é quanto tempo os EUA demorarão para conseguir emancipar-se desses “deuses”.
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