Redação Pragmatismo
Direitos Humanos 17/Out/2011 às 16:00 COMENTÁRIOS
Direitos Humanos

Previdência poderá incluir parceiro homossexual; bancada evangélica protesta

Publicado em 17 Out, 2011 às 16h00

Projeto do deputado Maurício Rands (PT) enfrenta forte reijeição das alas conservadoras do Congresso Nacional

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A Comissão de Seguridade Social e Família promoverá na próxima quinta-feira (20) audiência pública para debater o Projeto de Lei que permite a inclusão como dependente, para fins previdenciários, de companheiro ou companheira homossexual dos segurados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

A proposta, do deputado Maurício Rands (PT-PE), altera a Lei de Benefícios da Previdência Social. A audiência foi solicitada pelo deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que é contrário ao projeto.

Aprovado na Comissão de Trabalho, o projeto aguarda votação na Comissão de Seguridade Social, onde recebeu parecer favorável da relatora, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG). Ela lembra que decisão do Juízo Federal da 1ª Vara Previdenciária de Porto Alegre (RS), com efeito em todo o território nacional, reconheceu os direitos previdenciários decorrentes da união estável entre homossexuais.

Jô Moraes ressalta ainda que o INSS regulamentou a matéria, no âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), por meio de Instrução Normativa. Essa norma estabelece que o companheiro ou a companheira homossexual de segurado inscrito no RGPS passará a integrar o rol dos dependentes, desde que comprovada a vida em comum. Assim, os companheiros gays passaram a ter direito a pensão por morte e a auxílio-reclusão.

O parecer da deputada Jô Moraes exclui dispositivo, contido no projeto original, que previa a possibilidade de o companheiro ou companheira homossexual do servidor público civil ser beneficiário de pensão. Segundo a relatora, esse dispositivo é inconstitucional, pois deputado não pode propor lei que disponha sobre a pensão de servidores públicos.

Participarão da audiência o diretor do Departamento do Regime Geral de Previdência Social, Rogério Nagamine Costanzi; o secretário da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLT), Carlos Magno Fonseca; o chefe da Procuradoria Jurídica do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Antonio Rodrigo Machado de Sousa, e o consultor da Câmara e advogado Francisco Lúcio Pereira Filho.

Posição contrária

Para o deputado-pastor que solicitou a audiência, “uma lei não deve ser utilizada para promover algum grupo em detrimento de outro ou mesmo para discriminá-lo, ou para obrigar a pessoa a expor a intimidade de sua vida privada”. Na visão do deputado, o projeto de lei incorre nesses problemas.

Ao criar uma lei onde a pessoa declara sua orientação sexual, obriga-se à exposição pública de uma escolha que é de foro muito íntimo”, opina. “Corre-se o risco de se construir um país de normas de exceção, e não de normas que abranjam a todos”, complementa.

Feliciano afirma ainda que o projeto não traz nenhuma inovação ou benefício adicional aos homossexuais, tendo em vista decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de maio deste ano, que reconheceu a união estável de pessoas do mesmo sexo. “O projeto de lei é redundante, desnecessário e ineficaz”, opina.

A decisão do STF não tem, porém, caráter de norma legal. Na ocasião da decisão, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, destacou que o Legislativo deve regulamentar a equiparação da união estável homossexual com a união estável heterossexual.

Agência Câmara

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