Dias antes da divulgação do IDH, foram apresentados os números do desemprego no Brasil, apontando 2011 como mais um ano em que se estabelecem invejáveis índices no âmbito do trabalho. Até setembro, os desempregados brasileiros representavam , na média anual, 6,2% , mas em igual período do ano anterior esse número era de 7,1%. Essa média anual era de 12,3% em 2003 e nos últimos anos vem registrando sucessivas quedas: foi de 8,2% em 2009 e 6,7% em 2010. Enquanto isso, o índice ronda os 10% nos EUA e na zona do Euro (em média), onde na Espanha chega a 22% e a 17% na Grécia.
No presente, ao contrário, e sem exageros ufanistas (que nunca ajudam) , a expressão tem assegurado o seu valor positivo, porque vem acompanhada de elementos que a justificam. Está aí a nova classe média – aquela que, para desprazer de alguns, já está fazendo suas viagens de avião, já está inserida no mundo digital da comunicação, já está dotando seus lares de um relativo nível de conforto. Os componentes dessa classe média e o seu comportamento social são uma consequência indiscutível dos números registrados no âmbito do emprego.
Há muito a fazer no Brasil, no plano social, no tocante à redução das desigualdades. E não é por acaso que a presidenta Dilma elegeu o combate à pobreza como sua busca maior. Gostem ou não da frase os ressentidos com o êxito de políticas como essas, que redundaram na redução do nível de desemprego, a verdade é que nunca na história medianamente recente do país se perceberam com tão grande clareza os seus avanços sociais, que repercutem no mundo todo e nos colocam em condição de ser um dos protagonistas do século XXI. O Brasil tem o respeito do mundo, e isso até o mais ferrenho adversário do atual projeto governista – de Lula para cá – teria obrigação de reconhecer.
Atravessamos um período de turbulência econômica em 2008 – fruto da ganância, do desequilíbrio e do descompromisso social que marcam o sistema econômico predominante no planeta – e conseguimos passar por ele sem grandes danos, graças a uma ousada estratégia econômica. Lembro-me de Lula sendo objeto de escárnio pelos especialistas de plantão quando, estimulando o consumo entre os brasileiros, afirmou que o tsunami mundial seria uma marolinha para nós. Mas será que, considerados os poucos problemas que enfrentamos, não foi isso mesmo que aconteceu?
Aponta-se para um futuro próximo em que o nosso país estará entre as 5 grandes economias de todo o planeta, algo inimaginável há bem pouco tempo, em que aqui predominava um tipo de pensamento subserviente, o tal “complexo de vira-lata” (imortalizado pelo Nelson Rodrigues) que nos cravava como condenados à passividade dos colonizados. Esse pensamento, no âmbito do trabalho, encontrava vertente na aceitação preconceituosa da afirmação de que os brasileiros eram, desde os seus ancestrais índios, um povo que não gostava de trabalhar… E ainda tem seguidores entre aqueles que afirmam que projetos sociais de natureza assistencial levam a nossa gente a não querer trabalhar…
Voltando à questão do desemprego, é claro que, enquanto cidadãos conscientes, devemos nos engajar na luta pelo emprego total, ainda que utópica, e, mais que isso, pela remuneração condigna para todos os que trabalham, uma outra luta tão velha quanto o mundo, que opõe exploradores e explorados. Aqui, cabe lembrar a saga das mulheres contra a desigualdade salarial que o resíduo machista ainda lhes quer impor. E, mais que tudo, não podemos um segundo sequer nos desligar do combate a essa iniquidade ímpar das relações humanas, chamada “trabalho escravo”, ainda muito presente entre nós. Mesmo assim, podemos e devemos comemorar avanços nessa área. Cada trabalhador empregado não é apenas alguém capaz de garantir sua subsistência e a de sua família, mas um indivíduo socialmente integrado, apto a participar dos destinos da nação, como verdadeiro cidadão.
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