José Serra sentiu o livro, embora diga que o que há o “A Privataria Tucana” seja “lixo, lixo, lixo”
O artigo que publica hoje em O Globo (restrito aos assinantes, mas reproduzido aqui), embora não lhe fuja da tradição “bolinha de papel” serrista de imputar autoritarismo a quem o aponta como partícipe – e, nas palavras de FHC, um dos principais artífices – do criminoso processo de privatização brasileiro, adquire um tom megalômano que só aos que estão submetidos a situações transtornantes podem ter, sobretudo quando estão tão fracos como está o ex-líder tucano.
Aponta uma conspiração continental – não sei o que me faz lembrar do “comunismo internacional” a quem se acusava de estar por trás da maré nacionalista dos anos 60, da qual Serra participava – como pretendendo calar os adversários, intimidá-los, devassá-los e aniquilá-los:
“O PT e seus aliados continentais têm tratado do tema (de supostas restrições à liberdade de imprensa) de modo bastante claro, em todos os fóruns possíveis. Seria a luta contra o “imperialismo midiático”, conceito que atribui toda crítica e contestação a interesses espúrios de potências estrangeiras associadas a “elites” locais. Um arcabouço mental que busca legitimar as pressões liberticidas. Um fascismo (mal)disfarçado”.
Não imagino o que o senhor José Serra possa chamar de “fascismo” (mal) disfarçado senão, por exemplo, fatos como o jornal em que ele escreve ter omitido a seus leitores a informação, fática, de que ontem se protocolizou um pedido de CPI sobre o processo de privatização do qual ele foi um dos “big men”.
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Ele ataca, por exemplo, a decisão soberana do legislativo (eleito) argentino de aprovar projeto da presidenta (recém-reeleita, por larga margem) daquele país estabelecendo que a produção de papel de imprensa é de interesse social, sem dar um pio sobre o fato de que o Estado argentino, durante anos e anos, subsidiou com sua participação acionária a produção deste papel os grupos privados mais lucrativos de comunicação.
Se o PT merece críticas é justo pelo contrário, por ser leniente e temeroso com a responsabilização dos que lesaram o Brasil, dissipando, em troca de nada (nada público, ao menos), patrimônio que gerações de nossos antepassados construíram.
A liberdade de imprensa não pode ser para massacrar uns e silenciar sobre outros. Se descaminhos no atual Governo merecem ser apontados, não há razão legítima para que não se os aponte em outros, dos quais o Sr. Serra foi elemento central e seu representante eleitoral.
Em matéria de investir contra empresas de comunicação, o Sr. José Serra não tem do que falar e, ao contrário, a independência de um colunista, no mesmo O Globo, o aponta como feroz atacante de um, “O Estado de Minas”, que não lhes “dá a cabeça”, como outros veículos o fazem, dos que se atrevem a desagradá-lo.
Ou a disputar-lhe, como fez o Sr. Aécio Neves, a posição de príncipe tucano, condição da qual Serra se considera, por direito hereditário, detentor sempre legítimo. Mesmo já destronado, o banzo da coroação que jamais teve domina sua mente ressentida.
A coluna de Ilimar Franco vai no post reproduzida, para que se possa ser como os atos de Serra desmentem as palavras de Serra.
O senhor José Serra, intolerante por natureza e autoritário pelo poder político que um dia representou, está acuado e, por isso, feroz.
Não precisa sequer ser provocado por uma imprensa que não lhe é hostil, não o questiona e não apura os fatos aos quais está- como relata o “A Privataria Tucana” – envolvido.
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O desespero que lhe aflige é o do rei ao qual o menino grita estar nu.
Por Fernando Brito, Tijolaço
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