Contradição inaceitável: Bradley Manning pode morrer por ter revelado ao mundo crimes bárbaros de guerra cometidos pelos EUA
A promotoria do tribunal militar na Flórida que julga o soldado norte-americano Bradley Manning tentou provar nesta segunda-feira (19/12) a existência de um vínculo entre o acusado e o site Wikileaks, bem como seu fundador, o australiano Julian Assange. Na audiência, que é realizada na base de Fort Meade, no estado norte-americano de Maryland, os procuradores apresentaram uma série de provas periciais informáticas.
Entre as provas apresentadas, estavam conversas por chat, arquivos codificados e e-mails, em tom muitas vezes familiar, entre funcionários do Wikileaks e Manning.
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A maioria destes contatos, salientou a promotoria, aconteceram em 2010 e tinham relação com documentos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão.
Um dos arquivos de texto apresentado, por exemplo, aponta que “para entrar em contato com nosso editor de investigação pergunte na Islândia por Julian Assange” e acrescenta um número de telefone.
Outra conversa é relacionada pela promotoria com o vídeo de um ataque de helicóptero no Iraque que catapultou o Wikileaks à fama internacional. Nele, o vídeo é classificado como “possivelmente um dos documentos mais significativos de nossa história para eliminar a neblina e revelar a natureza da guerra assimétrica do século XXI”.
A promotoria também mostrou uma suposta troca de dados entre o computador de Manning e servidores militares e de inteligência em determinados dias.
Por sua parte, a defesa tentou desvincular estes dados, muitos deles documentos reconstruídos pelos peritos, do caso contra Manning e argumentou que o fato de estarem em seu computador não quer dizer que foi o soldado quem manteve as conversas ou a troca de arquivos.
Durante a audiência, Manning, que apresentou inicialmente uma atitude tranqüila, foi mostrando-se gradualmente mais tenso.
Parte da sessão de hoje aconteceu a portas fechadas, sem a presença de jornalistas ou do público, diante da opinião do juiz que seu conteúdo poderia pôr em perigo a segurança nacional.
O soldado, que completou 24 anos no sábado passado, foi preso após ser acusado pelo hacker Adrian Lamo de ser o “garganta profunda” do Wikileaks e ter proporcionado ao site centenas de milhares de documentos sobre a guerras do Iraque e do Afeganistão.
Manning esteve detido a princípio na Base do Corpo de Infantaria da Marinha em Quantico, na Virgínia, onde esteve submetido a isolamento.
Várias organizações internacionais, entre elas a ONU, denunciaram o tratamento dado ao soldado, que chegou a afirmar que o obrigavam a dormir nu em sua cela.
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O objetivo desta fase do procedimento é determinar se Manning deve ser julgado pela jurisdição comum ou se submeter a um conselho de guerra, por delitos muito graves como o de “ajudar o inimigo”, que podem acarretar pena de morte ou prisão perpétua.
Fonte: Opera Mundi