Adversário de Obama defende militares que urinaram em cadáveres no Afeganistão
O pré-candidato republicano à Presidência dos EUA Rick Perry criticou o presidente Barack Obama pela dura condenação ao vídeo mostrando quatro marines (fuzileiros navais) norte-americanos zombando e urinando em cadáveres no Afeganistão
O vídeo mostra quatro urinando sobre três cadáveres ensanguentados, presumivelmente talibãs, entre risos e brincadeiras. Um deles chega a dizer “tenha um bom dia, amigo”. As imagens foram vazadas anonimamente na internet e foram parar no site de compartilhamentos de vídeos YouTube. Por enquanto, não está claro quem postou este vídeo de 39 segundos, nem quando foi gravado.
Para Perry, a administração democrata não se cansa de “desdenhar os militares” norte-americanos e de utilizar-se de uma retórica “de superioridade” para criticá-los. Em entrevista à rede CNN, ele afirma que os militares podem até levar uma advertência, mas não responder por suas ações em tribunais.
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“É claro que garotos de 18 e 19 anos cometem erros estúpidos de vez em quando. E foi exatamente o que aconteceu aqui. (…) O que realmente me preocupa é o tipo de retórica de superioridade dessa administração (de Barack Obama) e seu desdém pelos militares”.
Perry já afirmou que pode abandonar a corrida Presidencial caso não obtenha um bom resultado na terceira etapa das primárias, a ser realizada na Carolina do Sul no próximo dia 21.
Isolado
O comentários de Perry, que amarga até agora a sexta e última posição após as duas primeiras etapas das primárias dos republicanos, geraram críticas até mesmo entre membros de seu partido. O senador do Arizona John McCain, que perdeu a eleição para Obama em 2008, disse que esse tipo de imagem prejudica todo o esforço de guerra.
“Os marines (fuzileiros navais) se orgulham de nunca descer ao nível do inimigo”, disse McCain sobre o comentário de Perry. “Isso [o vídeo] me deixa mais triste do que qualquer coisa. Não dá para descrever como os marines são pessoas maravilhosas. Mas esse fato arranha a reputação e a imagem (da instituição)”, disse McCain, que apareceu no mesmo programa logo após a entrevista de Perry.
McCain é veterano da Guerra do Vietnã, onde foi prisioneiro por cinco anos, e é um importante membro da Comissão de Forças Armadas do Senado. É considerado um dos membros do Partido Republicano mais moderados.
Investigações
Até o momento, nenhum soldado foi condenado ou suspenso, mas tanto o governo norte-americano quando membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) já pediram punições aos envolvidos. A convenção de Genebra proíbe a degradação de cadáveres.
As autoridades militares norte-americanas já interrogaram dois dos soldados que aparecem no vídeo na quinta-feira (12/01). Seus nomes não foram informados, nem se eles foram detidos.
Segundo confirmou à Agência Efe uma fonte do Pentágono, sob a condição do anonimato, os soldados que aparecem na gravação pertencem ao terceiro batalhão do segundo regimento, baseado em Camp Lejeune, na Carolina do Norte.
Repercussão
O vídeo causou constrangimento entre as principais autoridades de segurança dos EUA. O Pentágono prometeu uma apuração exaustiva sobre o fato, que o governo classificou como “deplorável”.
“Estas ações vão contra tudo o que o Exército representa”, disse o general John Allen, comandante da Força Internacional de Assistência para a Segurança no Afeganistão. “Estes atos não refletem o padrão moral das nossas Forças Armadas”, acrescentou.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, se disse “consternada” pelo comportamento dos soldados. “É absolutamente incoerente com os valores americanos, com os padrões de comportamento que esperamos de nossos soldados e que são respeitados pela grande maioria de nosso pessoal militar”, admitiu Hillary.
O secretário de Defesa Leon Panetta afirmou temer que o vídeo seja posteriormente usado como propaganda talibã. O vídeo aparece em um momento delicado para a estratégia dos Estados Unidos no Afeganistão, que pretende iniciar um diálogo com líderes talibãs para que estes cumpram certas condições prévias.
O principal porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, qualificou o episódio como “desumano” e “bárbaro” e que o polêmico vídeo gerará mais ódio e que os americanos se verão obrigados a “encurtar sua presença no país”.
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O Exército dos EUA intensificou suas tentativas de evitar este tipo de imagens que vão contra os valores da instituição depois que em 2004 vazaram fotos de maus-tratos, abusos e tortura a detentos da prisão de Abu Ghraib, no Iraque.
Opera Mundi