Alckmin (PSDB) e Kassab (PSD) estariam receosos dos resultados políticos da chegada ao estado das ações planejadas em parceria entre os ministérios da Saúde, Justiça e Educação para a capital paulista
A proximidade da implantação em São Paulo do plano de enfrentamento ao crack do governo federal motiva a ação repressiva protagonizada pelo Governo de São Paulo e Prefeitura Municipal nas áreas de consumo da droga no centro de São Paulo, segundo o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Antonio Carlos Malheiros. O programa federal, detalhado em dezembro passado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo, prevê a ampliação de leitos e unidades de acolhimento aos dependentes químicos, entre outro itens de uma abordagem multidisciplinar do problema. A previsão é de que a implementação do plano comece logo após o carnaval.
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O governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito Gilberto Kassab (PSD), segundo a visão do desembargador, estariam receosos dos resultados políticos da chegada ao estado das ações planejadas em parceria entre os ministérios da Saúde, Justiça e Educação para a capital paulista.
“É tudo uma questão de temor. Bastou o governo federal anunciar medidas, que me parecem boas, para que de repente se começasse uma operação que, ao contrário, me parece muito equivocada”, disse Malheiros, que também é coordenador da Infância e Juventude do Estado de São Paulo.
A “Operação Sufoco” foi iniciada no último dia 3 e é alvo de críticas de vários especialistas, principalmente pela forma violenta de abordagem aos dependentes.
Malheiros responsabiliza a “falta de vontade política” das administrações paulistas pela atual situação de degradação social e urbana a que chegaram as áreas do centro de São Paulo em que se concentram os usuários para o consumo do crack. “É o que atrapalha este estado”, frisou.
O TJ-SP participou de vários debates públicos sobre como lidar com o problema. Malheiros aponta que os resultados destes encontros foram sempre satisfatórios, mas que as resoluções encaminhadas foram invalidadas pela operação deflagrada em conjunto pela prefeitura e pelo governo estadual. “Agora vai ter que começar tudo de novo”, lamentou, referindo-se às ações assistenciais que a situação exige. “Eu acho que as pessoas não se afastarão das drogas só por conta do que foi feito (pelos governos de SP)”, referindo-se às ações policiais
Ele, que acompanha de perto os problemas daquela área do centro da capital, já propôs a disponibilização de unidades móveis de tratamento aos dependentes químicos na região da Luz. Porém, segundo relata, ainda espera respostas do prefeito Gilberto Kassab (PSD).
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O desembargador garante também que o Judiciário “está atento” e aguarda denúncias da Defensoria Pública para tratar os casos de violência policial contra os usuários. “Vamos apurar se houve truculência”.
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