Em tom agressivo, José Serra compara greve da Bahia com episódio do Pinheirinho
Serra também compara o movimento dos policiais baianos ao de policiais civis paulistas em seu Governo. Mas, naquela ocasião, o que se fazia senão uma passeata? Tomou-se a Assembléia paulista?
Fernando Brito
Emparedado politicamente no PSDB e sem ter como verter seus rancores com Aécio, Alckmin e FHC, José Serra arreganha os dentes para o governo e para o PT, em seu artigo, hoje, no Estadão.
Numa linguagem pra lá de agressiva, tenta comparar os episódios da Bahia e do Pinheirinho, o que é, já de plano, uma sandice. Primeiro, não se está invadindo com polícia a casa de quem está lá, quieto. Aliás, não se está invadindo nem mesmo a Assembléia tomada pelos policiais com o Exército. Embora não reflita, certamente, o ânimo da maioria dos policiais, a revelação de que o líder da manifestação – por sinal, alojado no PSDB – dialogava com outro policial que ia “queimar carretas na BR” mostra a falta de equilíbrio que tomou conta do grupo dirigente do movimento, e nem assim se está ordenando uma invasão brutal como a de Pinheirinho, mesmo com mandados judiciais a cumprir.
Serra compara o movimento dos policiais baianos ao de policiais civis paulistas em seu Governo. Mas, naquela ocasião, o que se fazia senão uma passeata? Tomou-se a Assembléia paulista? Ninguém está pondo em questão o direito de qualquer categoria se manifestar, reivindicar. E, felizmente, sem o comportamento tucano do “reustaure-se a ordem a qualquer preço”, a ocupação da Assembleia acaba de terminar, sem qualquer agressão ou violência estúpida.
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Aí está a diferença, senhor Serra. A prudência, o limite, a falta de quer fazer do “prendo e arrebento” uma ferramenta de marketing político.
Daí, Serra descamba para os aeroportos, dizendo que tudo o que foi feito é o que ele desejava fazer. Ótimo, então porque o senhor não aplaude? Criticar a forma de concessão que preserva o controle público sobre o aeroporto de Viracopos? Como, se é esta a fórmula que, em 2008 (e não 2007, como é dito no artigo) estava em discussão? Não seria bom, também, informar aos seus leitores que houve um longo processo de desapropriação para permitir a expansão do aeroporto, que até 2010 sequer tinha as obras aprovadas pelo Governo de SP, como se vê nesta manifestação de seu auxliar e presidente dos tucanos paulistas, Alberto Goldman (na qual, aliás, ele defende que o “trem bala” fique restrito ao trecho paulista, excluindo o Rio de Janeiro).
Como já disse, pode-se discutir conveniência ou não da administração dos três aeroportos concedidos por grupos privados, mas não se pode mentir sobre fatos. Dizer que a concessão destes aeroportos foi “satanizada” pela candidata que o derrotou não corresponde aos fatos, porque ela o disse claramente na televisão. Podemos até não gostar disso, mas não manipular fatos.
Porque Serra termina seu destampatório dizendo ser um dos que acredita que “política também se faz com princípios, programa e coerência”.
E nós vimos, durante a campanha a que “princípios, programa e coerência” está ligado o comportamento de José Serra.
PS. Como sempre, nas manifestações de Serra, sobra para a blogosfera. Seríamos “como aquelas antigas claques de auditório, seguindo disciplinadamente as placas que alternam “aplaudir”, “silenciar” e ‘vaiar’ “. Ele não perdoa a internet por ter feito o “A privataria tucana”vencer o silêncio da grande mídia, que – ela, sim – segue as plaquinhas a que ele se refere. Ou ele queria que, na internet, só o Reinaldo Azevedo falasse?