No seu entusiasmo, a Folha cai no ridículo. Ela afirma que “até aqui, a pré-campanha só ofereceu um espetáculo de oportunismo”. A entrada de José Serra no páreo alteraria este cenário, possibilitando o surgimento de “novas idéias”
A Folha andava preocupada com as divisões no bloco neoliberal-conservador. Agora, porém, ela está mais aliviada com a “viravolta paulistana” – conforme o efusivo título do editorial. Segundo o jornal, as prévias do PSDB caminham para um desfecho tranqüilo – só mesmo os “palhaços” acreditaram na sua seriedade – e o pragmático Gilberto Kassab retornou ao campo da “racionalidade”.
“Novas idéias” para São Paulo?
O jornalão deveria, inclusive, agradecer ao prefeito. Afinal, como reconhece, ele foi decisivo neste processo. “Premido pela ameaça de desgarre do afilhado Gilberto Kassab e seu recém-criado PSD, ambos ansiosos para cair nos braços governistas do PT, o tucano encontrou forças para romper a hesitação que o excesso de cálculo político e o personalismo transformaram em sua marca”.
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Tentando preservar seu falso ecletismo, que ainda engana muita gente, a Folha justifica o seu entusiasmo com a “viravolta” sob o argumento de que Serra ajudará no debate sobre os reais problemas da capital paulista. Ela só não diz que o tucano e a sua cria administram a cidade há quase oito anos – isso sem contar a desastrosa gestão de Celso Pitta, na qual Gilberto Kassab também participou.
O espetáculo do oportunismo
Neste período, os problemas da cidade só se agravaram. A própria Folha sabe disto. “O trânsito paulistano continua um inferno, as enchentes retornam a cada ano, as filas de espera para atendimento de saúde se medem em semanas ou meses e milhares de crianças permanecem sem creches”. Ela só não diz quem são os responsáveis por toda esta desgraceira! É o velho esquema da blindagem.
No seu entusiasmo, a Folha cai no ridículo. Ela afirma que “até aqui, a pré-campanha só ofereceu um espetáculo de oportunismo”. A entrada de José Serra no páreo alteraria este cenário, possibilitando o surgimento de “novas idéias”. Mas o próprio Serra já confessou que a eleição paulista representa para ele um “enterro”. O que de novo ele teria a apresentar?
José Serra bem que podia assinar um novo “termo de compromisso” com a Folha prometendo, caso seja eleito, não abandonar a prefeitura de São Paulo. Ambos ficariam com a marca da mentira e da total falta de racionalidade!