Relatório divulgado após 14 meses de investigação aponta que soldado teria ficado trancado sozinho durante 23 horas por dia num período de 11 meses em condições que levam a crer que também pode ter havido tortura
O relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre tortura, Juan Mendez, acusou formalmente o governo dos Estados Unidos de tratamento “cruel, desumano e degradante” contra Bradley Manning, soldado norte-americano que foi mantido em confinamento solitário por quase um ano suspeito de ser a fonte do site Wikileaks. As informações são do jornal britânico The Guardian.
Mendez concluiu um relatório após 14 meses de investigação, partindo da prisão de Manning, em maio de 2010. O soldado teria ficado trancado sozinho durante 23 horas por dia num período de 11 meses em condições que levam a crer que também pode ter havido tortura, conforme detalha o funcionário da ONU.
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“O relator especial concluiu que a imposição de condições punitivas de detenção em alguém que não tenha sido considerado culpado de qualquer crime é uma violação ao seu direito à integridade física e psicológica, bem como de sua presunção de inocência”, escreveu Mendez. Manning “é presumidamente inocente” e “não faz sentido submetê-lo a este tipo de tratamento, já que não foi condenado por crime algum”, acrescentou o relator especial argentino.
Acusações
Manning, de 24 anos, é acusado de passar para o Wikileaks, entre novembro de 2009 e maio de 2010, documentos militares norte-americanos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, e 260 mil despachos do Departamento de Estado, desencadeando uma crise na diplomacia mundial.
Ele foi formalmente indiciado por “cumplicidade com o inimigo” por uma corte marcial em 23 de fevereiro, na base militar de Fort Meade, Maryland.
O soldado raso também foi acusado de “incentivar a publicação de informações na internet, sabendo que seriam acessíveis ao inimigo”, “roubo de propriedade e arquivos públicos”, “utilização de programas não-autorizados com informações confidenciais” e ainda “violação das regras das Forças Armadas”.
Se for considerado culpado em seu julgamento, cuja data ainda não foi marcada, Bradley poderá ser condenado à prisão perpétua.
Opera Mundi