Relatório da Conectas, organização que desde 2006 tem status consultivo na ONU, cita ações na Cracolândia e em Pinheirinho para mostrar que Brasil ainda é gigante de “pés-de-barro”. Denúncia será apresentada hoje em Genebra
Segundo a Conectas, organização que desde 2006 tem status consultivo na ONU, a sexta maior economia do mundo ainda convive com “práticas medievais”, como “tortura e superlotação em seu sistema carcerário, criminalização da pobreza e desrespeito aos povos indígenas”.
“São más notícias, mas elas são verdadeiras e precisam ser dadas para o mundo, com rigor e espírito construtivo”, disse Juana Kweitel, Diretora de Programas da Conectas. “O Brasil da Copa e das Olimpíadas é o mesmo onde um quinto da população carcerária está presa de forma ilegal, onde há tortura, maus tratos e superlotação nas cadeias, onde a pobreza é criminalizada e os projetos de desenvolvimento atropelam povos indígenas.”
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A denúncia cita casos recentes de abuso do uso da força policial, como a desocupação da comunidade de Pinheirinho, no interior de São Paulo, e a ação para acabar com o consumo de drogas na região conhecida como “Crackolândia”, no centro da capital paulista. No caso de Pinheirinho, essa será a segunda denúncia apresentada à ONU. A primeira foi feita pela urbanista Raquel Rolnik, relatora das Nações Unidas para o Direito à Habitação.
De acordo com a Conectas, a argumentação apresentada ao Conselho de Direitos Humanos será dividida em três eixos:
O primeiro trata da política criminal, focada no aprisionamento massivo de pessoas, que leva o país a ter uma população carcerária de 500 mil pessoas. Os presos, mantidos muitas vezes em condições sub-humanas, tem de lidar com superlotação, tortura e maus tratos sistemáticos. A Conectas cobra que o Brasil cumpra o compromisso assumido na assinatura do Protocolo Facultativo da Convenção contra a Tortura da ONU, e permita o o monitoramento independente de locais onde possa ocorrer tortura, e exige também a a publicidade de relatório contendo recomendações da ONU ao Brasil nesse tema.
A ONG também ataca o que chama de “criminalização da pobreza em grandes centros urbanos”, citando os casos de violência policial, como Cracolândia e Pinheirinho.
William Maia, Opera Mundi