Luciano Huck defende Thor, filho de Eike Batista, em tragédia que matou ciclista
Luciano Huck esquece que para julgar, seja para condenar ou inocentar, é preciso antes ter informações. Afinal, do outro lado, também havia uma pessoa. Não um bilionário, mas um brasileiro comum, como muitos daqueles que são ajudados nos seus programas e que alimentam sua fama de bom rapaz
O apresentador Luciano Huck é um dos representantes do poder no Brasil. Garoto propaganda de diversas marcas, o “bom moço” da Rede Globo sempre emprestará seu prestígio ao poder. Com Eike Batista, não poderia ser diferente. Ele acaba de postar no Twitter que o acidente envolvendo Thor Batista, filho do bilionário, e o ciclista Wanderson Pereira dos Santos foi uma “fatalidade”. Isso porque Thor não teria bebido e também prestado socorro.
Huck, evidentemente, não estava lá para julgar. Não viu o que aconteceu. Não testemunhou o atropelamento. Portanto, não tem elementos para assegurar que foi uma fatalidade. Eis algumas questões que o representante do bom-mocismo ignora:
– e se o carro, que não foi periciado, estivesse acima da velocidade permitida?
– e se o ciclista tiver sido atropelado no acostamento, como afirma uma testemunha?
Leia mais
- Cinco fatores ajudam a entender acidente entre Thor Batista e Wanderson Pereira
- Wanderson Pereira dos Santos: morreu na contramão atrapalhando o tráfego
– fosse outro o motorista, seria liberado antes de ir à delegacia?
Para julgar, Huck, seja para condenar ou inocentar, é preciso antes ter informações. Afinal, do outro lado, também havia uma pessoa. Não um bilionário, mas um brasileiro comum, como muitos daqueles que são ajudados nos seus programas e que alimentam sua fama de bom rapaz.
Por que Luciano Huck saiu em defesa do milionário antes da realização de uma perícia? Porque o apresentador sabe que no Brasil todo mundo que dispõe de dinheiro costuma contratar peritos particulares para fazer o chamado contra-laudo. O estatuto do Direito, em que a deusa da Justiça, Artemis Têmis, aparece atavicamente com os olhos vendados, prevê a confecção de contra-laudos (para oxigenar a impacialidade do processo). Foi assim no caso de PC Farias, ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Collor. Eike Batista vai contratar peritos particulares… e cabe a Luciano Huck simplesmente viciar o processo, pelo atalho da contaminação da opinião pública — de onde costumam vir os jurados.
Cláudio Tognoli – Brasil 247