Luciano Huck esquece que para julgar, seja para condenar ou inocentar, é preciso antes ter informações. Afinal, do outro lado, também havia uma pessoa. Não um bilionário, mas um brasileiro comum, como muitos daqueles que são ajudados nos seus programas e que alimentam sua fama de bom rapaz
Huck, evidentemente, não estava lá para julgar. Não viu o que aconteceu. Não testemunhou o atropelamento. Portanto, não tem elementos para assegurar que foi uma fatalidade. Eis algumas questões que o representante do bom-mocismo ignora:
– e se o carro, que não foi periciado, estivesse acima da velocidade permitida?
– e se o ciclista tiver sido atropelado no acostamento, como afirma uma testemunha?
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– fosse outro o motorista, seria liberado antes de ir à delegacia?
Para julgar, Huck, seja para condenar ou inocentar, é preciso antes ter informações. Afinal, do outro lado, também havia uma pessoa. Não um bilionário, mas um brasileiro comum, como muitos daqueles que são ajudados nos seus programas e que alimentam sua fama de bom rapaz.
Por que Luciano Huck saiu em defesa do milionário antes da realização de uma perícia? Porque o apresentador sabe que no Brasil todo mundo que dispõe de dinheiro costuma contratar peritos particulares para fazer o chamado contra-laudo. O estatuto do Direito, em que a deusa da Justiça, Artemis Têmis, aparece atavicamente com os olhos vendados, prevê a confecção de contra-laudos (para oxigenar a impacialidade do processo). Foi assim no caso de PC Farias, ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Collor. Eike Batista vai contratar peritos particulares… e cabe a Luciano Huck simplesmente viciar o processo, pelo atalho da contaminação da opinião pública — de onde costumam vir os jurados.
Cláudio Tognoli – Brasil 247
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