A desmoralização do DEM já afeta as articulações para as eleições municipais. Até José Serra, antigo e fiel aliado, resiste à ideia de ter um vice da legenda na sua chapa.
Ninguém vai tocar no assunto até a eleição, porque não é mais possível mudar de partido. Mas a cúpula do DEM já admite que, após outubro, voltará com força a tese da fusão ou da extinção da legenda, abatida por mais um escândalo de repercussão nacional.
A denúncia de que Demóstenes Torres, o falso moralista, pertence à quadrilha de Carlinhos Cachoeira, abateu de vez o ânimo do DEM. Para piorar, agora surgem indícios da ligação de Agripino Maia, presidente nacional do DEM, com a gangue que fraudou a inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Parece que não há mais retorno: o DEM ruma para o inferno – se o Diabo deixar.
Marcha batida para o inferno
A notícia da “fusão ou extinção” não causa surpresa. Ela já vem sendo ventilada há tempos, em função do definhamento da sigla. A prisão do ex-governador José Roberto Arruda, o “vice-careca” de Serra, acelerou o funeral. Em 2010, o partido da direita nativa perdeu ainda mais espaço no cenário político. Elegeu 46 deputados federais, menos da metade do que fez no reinado de FHC.
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Logo na sequência, vários partidários abandonaram o navio à deriva, liderados por outra estrela da sigla, o prefeito Gilberto Kassab. O DEM perdeu 17 deputados federais, o governador de Santa Catarina e a senadora ruralista Kátia Abreu, além de vários deputados estaduais, prefeitos e vereadores. Seu cacife político hoje está bastante reduzido. Há quem fuja do DEM como o diabo da cruz!
Demóstenes e Agripino no palanque
A desmoralização do DEM já afeta as articulações para as eleições municipais. Até José Serra, antigo e fiel aliado, resiste à ideia de ter um vice do DEM na sua chapa. Na Bahia, os tucanos também reagem à proposta de apoiar ACM Neto. Apesar dos esforços da cúpula do PSDB, as negociações entre os dois partidos azedaram nos últimos dias. E o medo de ter Demóstenes e Agripino no palanque ou na TV?
Diante deste cenário infernal, muitos demos já se preparam para desembarcar da legenda. Tudo é feito nos bastidores para não prejudicar as disputas de outubro próximo. A tendência maior é da fusão com o PSDB e o PPS, outras duas legendas que também estão em crise. Desse jeito, só vai sobrar mesmo a mídia para fazer o papel de partido da direita no Brasil.
Altamiro Borges. Grifos de Pragmatismo Politico