Há indicações de que cerca de 300 mil mulheres, na sua maioria indígenas, foram esterilizadas no período, por meio de ações do governo. Elas foram “pressionadas, ameaçadas e receberam incentivos alimentares, sem que fossem devidamente informadas” do que aconteceria.
O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori (1990-2000), que cumpre pena de prisão por denúncias de corrupção e desvio de recursos públicos, é acusado por um grupo de mulheres de esterilização forçada e sem consentimento, no período de 1996 a 2000, em diversas cidades peruanas, na região de Cuzco. O ex-presidente e três ministros da Saúde serão acusados de genocídio pelo Congresso peruano.
Há indicações de que cerca de 300 mil mulheres, na sua maioria indígenas, foram esterilizadas no período, por meio de ações do governo. Elas foram “pressionadas, ameaçadas e receberam incentivos alimentares, sem que fossem devidamente informadas” do que aconteceria.
Pelo menos 2.074 mulheres disseram ter sido forçadas às cirurgias. Como resultado, 18 morreram, mas os números são questionados por organizações de defesa dos direitos da mulher.
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As mulheres movem uma ação judicial contra Fujimori, com o apoio da deputada Hilaria Supa (Partido Nacionalista Peruano), que integra a base de governo do presidente Ollanta Humala.
A denúncia foi feita após uma investigação do atual Ministério da Saúde. O documento final foi entregue, no último dia 25 de abril, pelo próprio ministro da Saúde, Fernando Carbone, ao presidente da sub-comissão investigadora do Congresso, presidida por Héctor Chávez Chuchón.
A investigação adianta, ainda, que entre 1996 e 2000 se realizaram 215.277 laqueaduras de trompas e 16 mil vasectomias. O objetivo desta medida era a “prevenção de epidemias” e a diminuição do número de nascimentos nos setores mais pobres do Peru.
A deputada e a organização não governamental Associação de Mulheres Afetadas pelas Esterilizações Forçadas de Cuzco apresentaram à Justiça local uma ação com mais de 3 mil páginas. Nela, as mulheres disseram ter reunido provas dos casos que indicam a responsabilidade de Fujimori.
A acusação baseia-se agora em 56 documentos oficiais, incluindo testemunhos de diversos funcionários do Ministério que exerciam funções durante o governo de Fujimori. Entre os documentos encontram-se também cartas enviadas a Fujimori, nas quais se solicitavam apoio com material médico para o programa de esterilizações.
Com informações da Agência Brasil e da Rádio Notícias
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