Caso de brasileiras das Marchas das Vadias censuradas no final de semana se junta a dezenas de outros registrados ao redor do mundo
Mas não é de hoje que diversos usuários reclamam de imagens retiradas de seus álbuns sem aviso prévio e sem espaço para interlocução com os administradores. Ano passado, a fotografa brasileira Kalu Brum, de 32 anos, já havia denunciado a retirada de uma foto sua amamentando o filho. O mesmo aconteceu com a norte-americana Emma Kwasnicka (FOTO AO LADO), de 33 anos, que no começo do ano teve a conta suspensa ao postar uma foto sua amamentando um de seus filhos.
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Segundo Emma pelo menos outras 30 mulheres tiveram suas contas suspensas por postarem imagens de amamentação em seus perfis.
E não para por aí. Na última semana, a britânica Joanne Jackson, de 40 anos, foi censurada após compartilhar uma imagem de sua mastectomia. Joanne havia acabado de suspender o tratamento para um câncer de mama. Tanto no caso de Emma quanto no de Joanne, a empresa declarou que não tinha nada contra o ato de amamentar ou imagens de mastectomia.
Em abril de 2011, a foto de dois homens se beijando postada por Richard Metzger foi banida. O Facebook se justificou dizendo que pensou existir “sugestão sexual” na imagem e se desculpou, mas Richard se recusou a aceitar o pedido. Para ele, o Facebook não era uma empresa homofóbica, porém, pratica a censura.
Já em dezembro de 2011 uma imagem postada por Rebecca Gomperts, do Womens on Waves, que falava sobre aborto medicamentoso, também foi retirada de seu perfil no Facebook. O medicamento, misoprostol, é liberado nos Estados Unidos.
No entanto, o caso mais polêmico foi no começo do ano, quando um casal postou um álbum com fotos do filho, anencéfalo. Heather e Patrick Walter pediram a um fotógrafo para que acompanhasse o nascimento do recém-nascido até a hora da morte – o processo durou oito horas. O casal compartilhou as imagens com familiares e amigos, mas todas foram banidas da rede. O Facebook repetiu que havia se equivocado e removido sem querer conteúdo que não feria seus padrões.
Procedimento
Segundo os padrões da comunidade do site fundado por Marck Zuckerberg, “o Facebook tem uma política rígida contra o compartilhamento de conteúdo pornográfico e impõe limitações à exibição de nudez”. Não há termos específicos para fotos de violência explícita e compartilhamento e venda de informações pessoais postadas nos perfis.
De acordo com o site, para a foto ser excluída é preciso que pelo menos um usuário denuncie a publicação das fotos nosite. Para definir o que pode ou não ser considerado pornográfico ou nudez, cada caso é avaliado separadamente.
Na mesma página, a rede social diz que “se você encontrar algo no Facebook que considerar uma violação aos nossos termos, informe-nos”. Apesar do pedido, há a ressalva que “denunciar um conteúdo não garante que ele será removido do site”.
Marcha das Vadias
Desde o ano passado, diversas Marchas das Vadias se articulam por meio das redes sociais, principalmente Facebook e Twitter. Elas tiveram início em Toronto, no Canadá, após o policial canadense Michael Sanguinetti declarar em uma palestra sobre segurança na Osgoode Hall Law School que as mulheres não deveriam se vestir como “vagabundas” (sluts, e inglês) e assim evitariam ser vítimas de violência sexual.
Em resposta, estudantes articularam a primeira Slut Walk. Em pouco tempo, diversos países realizaram marchas em apoio às estudantes de Toronto, mas também repudiando a violência machista em seus próprios países. Na Indonésia, por exemplo, aconteceu a Perempuan Mahardhika, marcha que defendeu o uso de mini-saias no país com o maior número de muçulmanos no mundo.
Neste final de semana aconteceu a Marcha das Vadias de Toronto e do Brasil. Milhares de mulheres em diversas partes do mundo saíram as ruas vestidas com lingerie, shorts e saias curtas para protestar contra a culpabilização das vítimas de violência sexual. Algumas manifestantes protestaram com os seios à mostra e com o colo pintado e muitas levaram os filhos.
Opera Mundi