Procurador-Geral da República não quer falar. Depois de ter engavetado durante três anos abertura de processo contra o senador Demóstenes Torres e deixado passar a chance de investigar o governador de Goiás Marconi Perillo, Roberto Gurgel perde mais uma chance de ser transparente
O Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está perdendo mais uma chance de dar transparência ao seu trabalho. Em conversa com o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo, ele recusou o convite que lhe seria feito para depor na comissão. Gurgel segurou, durante três anos, um pedido de abertura de processo contra o senador Demóstenes Torres, ligado ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Recentemente, pediu a abertura de investigação sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), mas não exigiu o mesmo procedimento em relação ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Os grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, no entanto, apontam muito mais para um possível envolvimento de Marconi no esquema de Cachoeira, de quem é suspeito de ter recebido R$ 500 mil, do que de Agnelo, contra quem não surgiram provas de participação ou conivência com a organização criminosa.
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Abaixo, notícia publicada a respeito pelo porta UOL:
Procurador-geral recusa convite para falar em CPI
MÁRCIO FALCÃO e GABRIELA GUERREIRO, de BRASÍLIA – Em conversa com o comando da CPI do Cachoeira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recusou o convite para falar sobre o inquérito que investiga o senador Demóstenes Torres (sem partido- GO) e as relações do empresário de jogos ilegais Carlos Cachoeira, com políticos e agentes privados.
Segundo o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), Gurgel alegou ter impedimentos técnicos para comparecer e informou que as investigações não estão concluídas.
Vital afirmou que a recusa não descarta totalmente a presença de Gurgel na comissão que pode ser convocado, o que torna o comparecimento obrigatório e ouvido em sessão secreta. A CPI já recebeu requerimentos convocando Gurgel a falar sobre as apurações.
“Essa decisão não afasta a possibilidade de convocação. Eu expliquei ao procurador que a minha visita foi institucional, mas tem uma solicitação de convocação.”
E completou: “a CPI entende que qualquer cidadão tem o dever de depor”, disse.
Gurgel, porém, teria se comprometido a manter um canal de diálogo com a CPI.
Além de ouvir Gurgel, o comando da CPI quer ouvir delegados envolvidos nas operações Monte Carlo e Las Vegas que investigam as relações Cachoeira, com políticos e agentes privados.
Eles vão pedir ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que libere os delegados. A ideia é que sejam ouvidos em sessão secreta para evitar exposição.
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