Ataque de Gilmar aos 'blogs sujos' respinga em 'blogs cheirosos'; Ricardo Noblat responde
O jornalista Ricardo Noblat criticou a pretensão do ministro Gilmar Mendes, do STF, de impedir o patrocínio de estatais aos chamados 'blogs sujos'que, segundo ele, atacam as instituições. O comentário segue abaixo:
O equívoco de Gilmar Mendes, por Ricardo Noblat (O Globo)
O ministro GilmarMendes informou à Rádio do Moreno que entrará com uma ação na Procuradoria-Geral da República pedindo o substrato das empresas estatais que usam o dinheiro público para o financiar blogs que atacam as instituições.
Disse Gilmar:
– É inadmissível que esses blogueiros sujos recebam dinheiro público para atacar as instituições e seus representantes. Num caso específico de um desses, eu já ponderei ao ministro da Fazenda que a Caixa Econômica Federal, que subsidia o blog, não pode patrocinar ataques às instituições.
E disse ainda:
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– O direito de crítica, de opinião, deve ser respeitado. Mas o ataque às instituições é intolerável.
Ataco a instituição chamada presidência da República quando ataco o eventual ocupante da cadeira de presidente da República?
Por mais que eu critique um ministro do Supremo Tribunal Federal posso ser acusado de criticar o próprio Supremo?
E se digo que o Congresso virou um antro de políticos interessados antes de tudo em enriquecer devo ser punido com a supressão de anúncios de empresas estatais que porventura prestigiam meu blog?
A VEJA está repleta de anúncios de empresas estatais – e ela não dá moleza para o governo. Deveria perder tais anúncios?
Acho que o ministro confunde “Cid Sampaio” com “feijoada com paio”.
Qualquer pessoa ou instituição que se julgue ofendida por um jornalista ou veículo de comunicação tem o direito de procurar a Justiça e pedir reparação.
É como procede o próprio Gilmar, alvo preferencial de blogs que fazem parte do PIG (Partido da Imprensa Governista).
De resto, é bom não confundir pessoas com instituições. Instituições são permanentes. Pessoas passam.
As próprias instituições também são passíveis de censura. Por que não deveriam ser?
Pregar o fim do patrocínio publicitário a qualquer veículo é trair o desejo de asfixiá-lo.
Isso atenta, sim, contra a liberdade de imprensa.
Em tempo: o titular deste blog não ganha um tostão, nem direta nem indiretamente, pelos anúncios aqui veiculados.