Coordenador do Sistema de Cotas destaca que 90% dos cotistas que entraram na UnB foram a primeira pessoa de suas famílias a entrar no ensino superior. “São pessoas de famílias humildes. Para nós, este é um reflexo positivo que demonstra muito bem os objetivos do sistema”
O Sistema de Cotas para Negros da Universidade de Brasília (UnB) completou oito anos de existência em 2012. A destinação de 20% das vagas dos vestibulares realizados no período possibilitou o ingresso de 5.737 estudantes negros nos cursos da Instituição.
Além disso, o sistema foi validado neste ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em votação unânime.
No último final de semana, ocorreu uma importante etapa do 2º Vestibular de 2012 da UnB. As entrevistas do Sistema de Cotas para Negros foram realizadas em Brasília. A convocação totalizou 2.079 candidatos dos 2.994 inscritos para concorrer prioritariamente pelo Sistema de Cotas. A diferença corresponde aos candidatos que já tiveram a inscrição homologada pelo sistema em vestibulares anteriores e, assim, ficam dispensados de fazer a entrevista. A efetivação desta etapa vem contribuindo, ao longo de quase uma década, para a consolidação da política de ação afirmativa da UnB.
Os responsáveis pelos programas de inclusão racial da UnB comemoram a evolução e a decisão pela constitucionalidade da política de ação afirmativa.
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O Coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UnB, Nelson Fernando Inocêncio da Silva, considera que a decisão do STF dá mais responsabilidade à Universidade em ter uma visão de como será o futuro da política de cotas para negros. A reserva de vagas para o sistema, implantada a partir do 2º Vestibular de 2004, tem vigência de 10 anos. “Os desdobramentos da política de cotas após esse período devem seguir um curso social que compreenda a necessidade de a UnB continuar a atender a sociedade”, pondera.
A avaliação de quem acompanha o sistema desde sua criação é de que houve uma evolução do processo, mas ainda é preciso promover uma abordagem quanto ao estudante cotista voltada à comunidade. “O debate sobre as experiências dos cotistas deve ser levado para dentro das escolas e da comunidade, a fim de que o Sistema de Cotas para Negros seja esclarecido de forma mais intensa”, justifica Ivair Augusto Alves, Coordenador do Centro de Convivência Negra e da Assessoria de Diversidade e Apoio ao Cotista da Reitoria da UnB.
Ivair acrescenta que a qualidade acadêmica do sistema se encontra na compreensão do que ele representa para a Instituição. O Coordenador destaca que 90% dos cotistas que entraram na UnB foram a primeira pessoa de suas famílias a entrar no ensino superior. “São pessoas de famílias humildes. Para nós, este é um reflexo positivo que demonstra muito bem os objetivos do sistema”, completa.
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