Na dúvida, muitos fazem apostas para descobrir quem votou contra a cassação de Demóstenes. Um nome aparece em todas as listas em Brasília: o do mineiro Aécio Neves. (confira o vídeo abaixo)
Na histórica cassação de Demóstenes Torres ocorrida hoje, 56 senadores votaram a favor, 19 votaram contra e cinco se abstiveram. Quem foram os 24 parlamentares que ainda tentaram salvar a pele do “despachante de luxo” do mafioso Carlinhos Cachoeira e do “mosqueteiro da ética” da revista Veja?
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Não dá para saber. Afinal, o voto nos casos de cassação de mandato ainda é secreto, apesar do projeto que tramita no Congresso Nacional garantindo o voto aberto.
Na dúvida, muitos fazem apostas para descobrir os “amigos do Demóstenes”. Um nome aparece em todas as listas em Brasília. O do mineiro Aécio Neves, o cambaleante presidenciável do PSDB para as eleições de 2014. Diante dos holofotes da mídia, o tucano se mostrou indignado com as revelações sobre as ligações do senador cassado com o crime organizado. Mas ninguém esquece o seu aparte no Senado (vídeo acima), quando a oposição e a mídia ainda tentavam abafar as denúncias contra o ex-líder do DEM.
A prima de Carlinhos Cachoeira
As relações entre Aécio Neves e Demóstenes Torres eram bem íntimas e conhecidas. Escutas da Operação Monte Carlo da Polícia Federal inclusive mostram que o senador mineiro atendeu aos pedidos de Demóstenes e ajudou a nomear uma prima de Carlinhos Cachoeira para o governo de Minas Gerais. Uma reportagem do jornalista Fausto Macedo, publicada no Estadão em meados de abril, deu detalhes sobre a ajudinha:
“Escutas telefônicas da Polícia Federal revelam que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) intercedeu diretamente junto a seu colega, Aécio Neves (PSDB-MG), e arrumou emprego comissionado para uma prima do empresário [o Estadão ainda insistia neste rótulo] do jogo de azar Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mônica Beatriz Silva Vieira, a prima do bicheiro, assumiu em 25 de maio de 2011 o cargo de Diretora Regional da Secretaria de Estado de Assistência Social em Uberaba”.
Já a Folha trouxe alguns trechos do grampo autorizado pela Justiça:
Conversa em 20 de maio de 2011
Cachoeira: Oi, doutor.
Demóstenes: Seguinte, o Aécio arrumou o trem lá. É, e vão dar pro deputado um outro cargo. Agora, ele perdeu o currículo da mulher, então na hora que eu chegar aí você me dá o nome inteiro dela e o telefone pra eles ligarem, falou?
Conversa em 21 de maio de 2011
Cachoeira: O governador deu OK aí no seu emprego de chefia.
Mônica: Hum.
Cachoeira: O Aécio acabou de ligar pro senador aqui, viu?
Conversa em 26 de maio de 2011
Cachoeira: A pessoa te ligou?
Mônica: Ligou, ligou, no sábado de manhã.
Cachoeira: Qual é o cargo?
Mônica: Diretor regional da Sedese.
Cachoeira: Uai, bom demais.
Diante da grave revelação, o senador mineiro até tentou se distanciar do velho amigo Demóstenes Torres. “Me sinto traído na minha boa-fé”, afirmou o ingênuo ex-governador de Minas. Agora, surge a dúvida: como votou o senador e presidenciável tucano Aécio Neves?
Altamiro Borges, em seu sítio
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