Ayres Britto terá de se aposentar em novembro e prepara, em segredo, sua candidatura ao Senado por Sergipe. Joaquim Barbosa, relator do mensalão, é cortejado por diversas siglas para ser o primeiro negro a disputar a Presidência da República em 2014. Se eles podem morder a mosca azul, fica a dúvida: o julgamento será técnico ou político?
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, já demonstrou que tem pressa em julgar a Ação Penal 470, popularmente conhecida como mensalão. Em novembro, ele se aposenta, mas a sorte lhe sorriu. Quis o destino que ele fosse o presidente da mais alta corte do País durante o “julgamento do século”, que começou na semana passada e deverá ser concluído em setembro.
No dia 18 de novembro, quando completar 70 anos, o sergipano Ayres Britto, que é vaidoso a ponto de declamar seus poemas nos salões do STF, poderá estar no ponto mais alto de sua popularidade, depois de conduzir um julgamento acompanhado por milhões de brasileiros.
O que ele fará com todo esse capital político? Vestirá o pijama e irá passear pela orla de Aracaju? Certamente, não. Interlocutores do ministro garantem que ele prepara, em segredo, uma candidatura ao Senado Federal por Sergipe – o que não seria novidade, uma vez que Ayres Britto já tentou ser deputado federal.
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Assim como ele, outro ministro da corte também flerta com o poder. É Joaquim Barbosa, que pode vir a ser o primeiro negro a disputar a presidência da República – e já há até comunidades nas redes sociais, como o Orkut, que defendem que isso aconteça.
Pouco antes de ser internado para a retirada de um tumor, Roberto Jefferson disse que Barbosa age como político e não como juiz, jogando para a torcida. E até ironizou sua conduta, sugerindo que se filiasse ao PTB, onde seria recebido “de braços abertos” para concorrer à Presidência.
Joaquim Barbosa não se sente bem no STF. Criticado pelos colegas pela suposta falta de “urbanidade”, ele já brigou em público com Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cesar Peluso e, mais recentemente, com Marco Aurélio Mello. Em Brasília e no Rio de Janeiro, as duas cidades que mais frequenta, ele gosta de ser aplaudido em restaurantes.
Se dois dos ministros mais importantes do STF, o presidente da corte e o relator da Ação Penal 470 podem vir a ser candidatos, fica a dúvida: o julgamento é técnico ou político?
Não há dúvida. Vivemos num mundo político, habitado por animais políticos.
Ricardo Cascais, Brasil 247