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‘Colegas’ vence Festival de Gramado com homenagem a atores portadores de Down

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“Colegas”, o road movie de Marcelo Galvão que tem como protagonistas portadores da Síndrome de Down, sai consagrado como o grande vencedor do Festival de Gramado

Breno Viola, Rita Pokk e Ariel Goldenberg se emocionam ao receber prêmio Especial do Juri de Gramado, por “Colegas” / Foto: Pressphoto

Além do Kikito de melhor filme, recebeu um Prêmio Especial do Júri para seus três atores principais (Ariel Goldenberg, Rita Pokk e Breno Viola) e direção de arte.

O momento mais emocionante da festa – e que ficará guardado na história do festival – foi a subida ao palco dos três para agradecer o troféu recebido. Ariel repetiu o que vinha dizendo em entrevistas: “Aos olhos dos homens somos downianos, aos olhos de Deus somos normais.”

O filme tem muitos méritos. Não é apenas uma peça de inclusão social, politicamente correta. Pelo contrário. Contempla, sem muitos disfarces, o preconceito contra os Downs, e o faz com muita graça e nenhuma autocomiseração. Méritos à parte, a premiação para “Colegas” deveria ter parado no justíssimo Prêmio Especial do Júri para seus atores e nunca avançado para o de melhor filme.

Um festival que dispunha de longas-metragens brasileiros tão originais e consistentes como “O Som ao Redor”, “Super Nada” e “O que se Move”, não poderia ter desperdiçado a oportunidade de eleger um deles como o grande vencedor. O júri, liderado pelo cineasta Roberto Farias, deixou escapar essa chance, que marcaria a 40ª edição de Gramado em sua história.

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Dos três, o mais bem situado foi “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça, que ganhou os troféus de direção, desenho de som, além dos prêmios do público e da crítica. “Super Nada”, de Rubens Rewald, levou apenas o prêmio de ator (Marat Descartes) e “O que se Move”, de Caetano Gotardo, o de atriz (Fernanda Vianna). Outro equívoco. O longa de Gotardo, ficção baseada em dramas familiares reais, repousa sobre o trabalho de três atrizes: Fernanda Vianna, Cida Moreira e Andrea Marquee. O justo seria premiá-las em conjunto, como ressaltou o diretor no palco do Palácio dos Festivais.

O documentário “Jorge Mautner – O Filho do Holocausto” foi super valorizado, com os prêmios de montagem, fotografia e roteiro, este para Pedro Bial. Só a brodagem conseguiria explicar esse resultado pouco proporcional. O outro documentário em disputa, “Tropicalismo Now”, recebeu apenas o Kikito de trilha sonora (André Abujamra).

Nos outros segmentos do festival houve maior concentração de prêmios. Entre os latinos, “Artigas – La Redota”, de Cesar Charlone, ganhou quase tudo: ator, diretor e melhor filme, além de duas das três menções honrosas outorgadas pelo júri. Além disso, foi eleito pela crítica e pelo público. Barba, cabelo e bigode. Sobrou um prêmio de fotografia para o chileno “Leontina”, e um de roteiro para o cubano “Vinci”.

Entre os curtas, a concentração foi no baiano “O Menino do Cinco”, de Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira. Além do Kikito de melhor filme, ficou com os de roteiro, ator, prêmios da crítica, do público e Aquisição do Canal Brasil. O gaúcho “Casa Afogada” foi bem aquinhoado com direção (Gilson Vargas), fotografia, direção de arte e desenho de som. O paulista “A Mão que Afaga”, de Gabriela Almeida, ficou com o Prêmio Especial do Júri. Sabrina Greve levou o troféu de melhor atriz por “O Duplo”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os premiados

Filme
“Colegas”, de Marcelo Galvão

Diretor
Kleber Mendonça Filho, por “O Som ao Redor”

Prêmio especial do júri
Ariel Goldenberg, Breno Viola e Rita Pokk, trio de atores de “Colegas”

Ator
Marat Descartes, por “Super Nada”

Atriz
Fernanda Vianna, por “O Que se Move”

Júri popular
“O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho

Prêmio da Crítica
“O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho

Filme estrangeiro
“Artigas, la Redota” (Uruguai), de Cesar Charlone

Agências